20/10/06

quotidianos...


Não gosto de ir às compras. Sei que acham estranho porque as mulheres são conhecidas pelo seu fascínio pelas compras. Não gostaria de desiludir ninguém mas a verdade é que não gosto de ir às compras!
Mas nesta vida fazemos muitas vezes também o que não gostamos. As compras é uma dessas, para mim. E como tem que ser, tento fazê-lo transformando esse momento no melhor e mais agradável possível, aproveitando para, em simultâneo, apreciar as pessoas, isso sim, coisa de que gosto e onde ali é um local privilegiado.

O supermercado que fica perto da minha casa, tem à entrada, no corredor interior, uma das maiores invenções para dar dinheiro, pois que vocacionada para as crianças – os animais de meter a moeda – neste caso um cavalinho.
Avô quero ir para o cavalinho, - ouvi a certa altura.
- Não pode ser que não tenho moeda – respondeu o avô
- Não faz mal, mesmo sem moeda – retorquiu a criança
Esta pequena troca de palavras despertou a minha atenção ficando a aguardar que o avô satisfizesse um pedido tão simples.
Eu e a criança, ambas pendentes, suspensas da decisão do avô.
A criança repetiu várias vezes o pedido e a resposta do avô foi sempre a mesma.
Foi a minha vez de intervir.
Peguei na pequena ao colo e coloquei-a em cima do cavalinho, dizendo-lhe que depois pedisse ao avô para que a descesse.
- Sei descer sozinha - respondeu ela de olhos brilhantes sorrindo para mim como o sol numa manhã radiosa de verão, ao conseguir realizar o seu pequeno/grande sonho – andar em cima do cavalinho, ainda que sem moeda...

Porque será tão difícil que os adultos entendam como é tão fácil fazer sorrir uma criança?...



foto: www.olhares.com

18/10/06

como a natureza...



Olhando a água correndo,
escutando o seu cantar
contornando os obstáculos
como mestre da vida, ensinando!...


foto: 1000 imagens

11/10/06

recordando...


Como se fosse um beijo....
encosto a cabeça na areia...e escuto o murmúrio da tua voz vinda do mar!
As ondas são o manto com que te e me afago e,

bem juntinhos, ficamos suspensos a ouvir os sons do oceano...

...tanto tempo...
O silêncio é tão denso, tão doloroso, tão intenso, tão sentido!
tão cheio de vazio
este
porque o outro, é tão o oposto....


imagem trazida do Kafe

08/10/06

olhares...3


Olhei para ti
senti-te
pele macia e aveludada
tuas pétalas entrelaçadas
nesse caule delicado
cálice onde as abelhas vêm receber teu polén
seu alimento
nessas verdes folhas onde botões se abrem...
escondidos os espinhos
esses da vida que nos ensinas a olhar e a delicadamente cortar
quebrar
contornar
saltar
ou
simplesmente ignorar
para no final
colher
recolher
mimar
tactear
esse cetim aveludado
numa multiplicidade de sentires
aromas
cores...


Foto: oferta amiga

29/09/06

amanhecer


A cada manhã canto a beleza do sol
canto a alegria da vida
canto a natureza que me envolve
canto a amizade que me aquece
canto a alegria
sim canto...
canto o amor
canto
e comigo canta a gaivota
porque havemos de cantar a tristeza
as agruras
os desamores
o desânimo
as noites sem lua nem estrelas
mesmo que os homens se matem
se mutilem
eu canto
a vida!
ela que é tão pura
tão amiga
tão pródiga
são os homens que a fazem ser de outra maneira
que a desprezam
que a desiludem
que a desaproveitam
perdidos nos labirintos do seu próprio egoísmo, miopia
desamores
ganância
guerras, guerrinhas
sim eu canto a alegria
porque quero!

28/09/06

O prazer de ler em português



Capa do livro

Porque é sempre um prazer divulgar
quem privilegia a nossa língua...

Pedro Ventura é o amigo Sá Morais com o seu
ideias fixas 2
Não faltem!

26/09/06

percursos...


Abraço a luz da vida enquanto a cera arde.
depois...
tudo tem o seu fim,
como as velas...

foto de olhares

22/09/06

etiquetas...


Quando nascemos colocam-nos rótulos
que querem nos acompanhem até à morte...
Ainda bem que há quem se proponha escapar!...


foto: www.olhares.com

17/09/06

para além de...



contemplando

apreendo que a terra sobreviverá à luta travada.

fico feliz por ela!...

31/08/06

pausa...



Temos que descansar temporariamente de nós,
olhando-nos de longe e de cima e, de uma distância artística,
rindo sobre nós ou chorando sobre nós:
temos de descobrir o herói,
assim como o parvo, que reside em nossa paixão pelo conhecimento,
temos de alegrar-nos uma vez por outra com a nossa tolice,
para podermos continuar alegres com a nossa sabedoria.”


{“Friedrich Wilhelm Nietzsche - *1844-1900* “}

Amigos,
é o que vou fazer, mas já volto.
Enquanto isso, o meu muito obrigada a todos o que visitam este humilde espaço. Ele é uma forma de partilhar convosco algumas linhas que vão criando forma aqui dentro do meu ser e que deixo à vossa consideração.

É bom fazer parte desta "família".
Até breve!
Beijinhos da
tb

Foto gentilmente oferecida por um amigo

29/08/06

certezas...


A natureza ensina-nos a saber olhar...
Nem sempre as certezas adquiridas o são realmente...

20/08/06

mundos paralelos...



... e como a delicada e aveludada flor espalharemos os néctares e faremos a vida acontecer...

15/08/06

realidade e fantasia


Hoje apetece-me deitar na minha pedra
abraçar o mundo,
elevar o coração ficando em silêncio com a natureza fazendo parte dela.
Esquecer a realidade, as guerras, os homens que se matam, se maltratam
as crianças que choram
a natureza que arde
as mãos que nasceram para o amor, mas se esqueceram...

foto:www.olhares.com

10/08/06


Ouço o vento que suavemente vem cantar na minha janela
e me traz o eco da tua voz calma e amiga.
Ele transporta a tua mão e docemente me acaricia a face.
Aceito e devolvo nas asas do vento a minha carícia para ti...
porque és especial e porque quero ficar no teu colo assim...
como a brisa suave e sem pressas...


foto: 1000 imagens

08/08/06

como eu...



Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais:
o excesso de gente impede de ver as pessoas...

Mário Quintana

01/08/06

caminhando...


Trilhando o caminho de mãos dadas como o sol e o seu reflexo
com todos os que queiram uma mão amiga, mesmo que amiga virtual...
em crescendo, até ao final...

(dedicada ao amigo que hoje é aniversariante)

28/07/06

esperança...


que a luz se faça a cada manhã abrindo os olhos da humanidade ...

foto: 1000 imagens

24/07/06

madrugadas


Como a cada manhã, hoje espero por ti
Sento-me por debaixo da janela
Esta onde gostas de pousar
E onde ficas admirando o que escrevo, cantando para mim
Sinto-me inquieta porque ainda não chegaste
Será que hoje madruguei, ou foste tu que te atrasaste?
Espero por ti…

foto oferecida

20/07/06



Amor sem tempo nem pressas onde a alma se mistura em amenas conversas...

início de caminho de alma e corpo partilhados...

15/07/06

amar


Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.

(Mário Quintana)

foto: 1000 imagens

13/07/06

para ti...



Tu meu filho que amo.
Que me escolheste para ser tua mãe, tua guia, tua amiga, tua mestra...
Tu, meu filho que me ensinaste a ser tudo isso,

quando me olhavas com esses olhos pretos e profundos adornados de longas pestanas e compreendias tudo aquilo que te podia transmitir,
e tudo o que tu próprio ias adivinhando...
Tu, meu filho que foste a recompensa maior de tudo o que de menos bom e mais sofrimento a vida me ofereceu!
Tu, meu filho a quem dei asas e ensinei a voar...e a quem maravilhada contemplo a fazer uso delas....a ti, meu grande amor, dedico estas pobres linhas.

Pobres porque quereria saber ter a arte de te cantar como os poetas, ser capaz de usar estas letrinhas agrupadas da melhor forma para poder dizer tudo o que sinto, mas como sou apenas uma pessoa simples e desprovida de qualquer arte, aqui te deixo a singeleza do meu amor, numa das fases menos boas porque estou a passar e que tu tão bem conheces, como tudo o que sou.
Saibas tu, hoje e sempre que te adoro incondicionalmente!!

a ti...
Para ti eu criarei um dia puro....
um tempo em que tudo acontecerá
um tempo em que serás tudo.....
um tempo em que serás capaz...
um tempo livre onde fluirás como o florir das ondas desordenadas...
para ti....meu querido, apenas a limpidez das águas!


A Mãe

foto que tinha aqui

sonho...


...e saltitando sinto a brisa que me afaga...
como pássaros brincámos em alegres chilreadas
descendo a encosta e...
abraçámos o mundo...

Foto: oferecida

12/07/06

amor


"... em cada instante da manhã, o céu a deslizar como um rio.
À tarde, o sol como uma certeza.
O amor é feito de claridade e da seiva das rochas.
O amor é feito de mar, de ondas na distância do oceano e de areia eterna.
O amor é feito de tantas coisas opostas e verdadeiras.
Nascem lugares para o amor e, nesses jardins etéreos,
a salvação é a brisa que cai sobre o rosto suavemente:"

(José Luís Peixoto)

O amor é essencialmente liberdade...
(tb)

Foto: 1000 imagens

A natureza sente e chora esta humanidade que se aniquila...


Foto: 1000 imagens- Pedro Ribau

09/07/06


... e depois do cansaço da caminhada
o abraço das tuas ondas,
onde
livremente
me entrego deixando-me ir...


foto 1000 imagens

07/07/06


Os terrenos são como as pessoas... alguns
levam à exaustão antes de produzirem frutos...




foto de 1000 imagens

04/07/06


Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!


(Mário Quintana)
Imagem de mil imagens

02/07/06

excepções...



...olho o reflexo de mim e apreendo-o diferente do resto da multidão...

estarei só? talvez não...

foto: mil imagens- F. Quintino Estevão

30/06/06

tempo


...uma relatividade que varia segundo o desejo, o modo e o momento...


foto de olhares

25/06/06

regresso



Trouxe o sol para o oferecer a todos os amigos que ficaram à minha espera...

17/06/06

férias


Vou contando os dias para regressar de novo...
entretanto
deixo abraços



Foto de "Olhares"

12/06/06

generosidade


A generosidade de quem emprestou as palavras para que os amigos que me visitam delas possam usufruir e gostar, espero que se deliciem como eu me deliciei.
Emprestadas daqui
"Estou em silêncio
Estou em silêncio
De olhos fechados
Medito ou alheio-me do mundo
Escuto a melodia dos pássaros matinais
É a mais bela orquestra tocando nesta manhã de Outono que desponta
Um dia cinza e azul, com chuva miudinha
Faz uns momentos que despertei
De olhos fechados, abandonado ao calor apetecido dos lençóis
Vou adiando a jornada
As horas correm, tenho um intervalo de tempo cada vez menor
Num repente salto da cama que tinha por companhia e parto
Enfrento de novo o mundo e as noticias que escuto na rádio
Acidentes, desastres, tremores de terra, mortes, guerras…
Assim reconfortado, pelas noticias que ouço
Acelero a fundo, de novo em corrida com os traços descontínuos da estrada
Desta estrada rotineira da minha vida presa, e em círculos de volta da memória
E enfrento a obrigação de mais um dia de trabalho
Então despido da armadura que me protege
Sou um imenso operário em construção
Despido de mim mesmo, ou em conflito permanente
Com o operário e o patrão
Ligo a máquina ruidosa
O imenso forno em brasa
O balancé ou o torno.
A imensa serra de longos dentes cariados…
O maçarico de corte.
E corto de cima a baixo, e separo
As entranhas deste imenso navio que sou
Milhares de tubos, rebites, chaminés, vigias, mastros, e paus de carga
A carga imensa de um dia de trabalho intenso, e de suores frios
Correntes de ar, poeira e fumos.
Imensos fumos matinais
Dos cigarros caídos nos lábios roxos
Nas mãos gretadas, calejadas
Nos sulcos das rugas no rosto velho
Na barba cinza por fazer, no desalinho dos cabelos oleosos
No olhar.
No olhar parado.
Finito no tempo!
O olhar sem brilho, do brilho de outrora
Na sabedoria dos anos que passam
Então convencido pelas evidencias
Sou um imenso operário especializado
Em nada!
E no intervalo da vida, pelas dez e trinta certas ao tocar a sirene, paro!
Sento-me, fico em silêncio
E em silêncio desperto desta nostalgia ou do torpor que me consome
Desta maquinaria imensa e exacta de ruído febris
Das conversas, do futebol, das mulheres dos outros, dos engates…
Desconheço-me de novo, e ando sempre à descoberta de mim…
E deixo o corpo, este de carne e osso e prisão
E então vagueio elevo-me e pairo, bem por cima das cabeças que pensam, dos outros
E escuto, e ouço o que se diz, e concluo
Nem sempre o que se diz é o que se sente, ou a verdade, mas isso é segredo meu…
E assim, possuidor do segredo ou da verdade revelada, compreendo
A falta de brilho nos olhos
Ou a ausência do sorriso
O porquê das rugas
O cansaço permanente
Então maquinalmente, pelo hábito, ou impelido por estranha força
Desligo as máquinas
Paro o torno que girava em contínuo
Ou o balancé, que sempre iguais, cunhava as mesmas peças.
Milhares!
Verto a última gota de metal líquido, um bronze para a imortalidade
Do operário ilustre, mas desconhecido
E penso, e olho, e beijo
Estas minhas mãos de operário
Que cansadas, doridas, gretadas e gélidas
Constroem, fabricam ou reparam, as obras-primas, eternas, anónimas
Mãos instrumentais ou apêndices, ou obra suprema da natureza.
Mãos de manualidades empíricas, que abraçam um mundo todo
E que afagam, acariciam, ajudam o filho nos primeiros passos
Vestem, arranjam, alimentam e carregam
Todo este imenso silêncio, nesta manhã
Onde os pássaros entoam uma musica de orquestra à mistura com chuva miudinha
Ou ao domingo, na missa instituída na família, desde os primórdios do tempo
As mesmas mãos pedem perdão a Deus e imploram
E assim famintas desse perdão ou desse amor divino
Sacam do bolso o lenço amarrotado e limpam as lágrimas
Que correm bem por dentro como um rio frio
E transpondo a fronteira do olhar assomam e rolam na face velha
Em mim
Ou
No mendigo que à porta estende a mão e pede esmola.
E sem olhar
Entoa uma ladainha repetida, mono silábica domingo a domingo
Cabisbaixo, ausente de si e da vergonha!
Que o século é vinte e um
E há fome, e há guerra!
E eu maquinalmente sem me importar com a sua história
O seu drama, ou a sua vida, ou as suas lágrimas que correm
Saco do bolso a moeda esquecida e de mão fechada
Para que não se veja o gesto ou a quantia
Rápido atiro a dádiva ou a migalha e fico em paz
Comigo, ou com o Deus que observa silencioso o gesto, e o reprova
E parto de encontro ao restaurante
Para me degladiar com as iguarias ou o pecado da gula
Quero lá saber que se morra de fome em Africa!
Ou quero lá saber do mendigo
Assim saciado e farto
Regresso a casa, ao conforto ou ao silêncio
Ou vindo de um dia de trabalho cansado
Lavo as mãos, abandono-me num sofá velho e fecho os olhos
Assim neste ir e vir o dia passa e envelheço
E não querendo já saber de noticias ou de desgraças
Descalço-me, jogo fora as meias que me oprimem os pés
E deixo os sapatos abandonados num qualquer canto
Apago a luz
Despeço-me de mim e adormeço"

poema de joão marinheiro
Foto de Olhares

06/06/06

amizade...

Correndo apressados

pedrinha do rio e granito da serra

rolando...

pelas represas e açudes

se encontrando

num entrecruzar de mãos

percorrendo

dia a dia

a alegria

descansando sem pressas

festejando...

25/05/06

20/05/06

pedido


A ti, mar, a ti vento, a ti nuvem
a ti lua feiticeira
entrego
Entrego-vos como num abraço
Num desejo
Este amor sem dono...
Que ele goteje
Por sobre as flores
As flores dos amores
Que brotarão
alegres,
Lindas
De mil cores
sublimes
Como este amor que não queres
Que será o nosso jardim...
Transformando tudo
Como este amor que tenho por ti...
foto oferecida

17/05/06

solidão...

Plantando flores de amizade
se cria um jardim
onde toda a solidão tem fim...
Foto de Olhares

13/05/06

08/05/06

ao amigo que parte


A noite descansa do dia
o dia descansa da noite
a água descansa na fonte
Assim...
Nós devemos descansar a fronte.
Mas...
Como ao dia sucede a noite
e a noite ao dia
à ausência sucederá
a presença
e...
de novo caminharemos
juntos

04/05/06

flor de maio



...e era tudo
e não era nada...
e era o sonho
e a madrugada que rompia
e abria a flor,
enamorada...


foto de Imagens do Beco

02/05/06

quando...


Um pingo de mel...
gosto de figos de pingo de mel,
como tu!
Gosto do azul e do mar,
como tu!
Gosto
gosto de me sentir desejada, por ti
gosto
gosto quando me desejas...
quando mergulhas os dedos nos meus cabelos
quando me olhas com o desejo reflectido no olhar
quando nesse olhar nos perdemos,
nos esquecemos do mundo exterior
quando tudo à nossa volta desaparece
só tu e eu, só nós...
quando passeias ao de leve
as tuas mãos tocando a minha pele
descobrindo o meu desejo
quando os teus lábios roçam de leve pelos meus
quando os meus dedos procuram o teu cabelo,
quando os meus lábios procuram a tua pele
e nela percorrem os sonhos escondidos
quando nos unimos e vibramos
sentindo um frémito percorrendo os nossos corpos
descobrindo todos os recantos,
quando mordiscamos os mamilos entumecidos que se oferecem
incendiando os sentidos, os desejos e...
num frémito de loucura nos fundimos
!

01/05/06

tristeza

...quando o meu olhar
percorre os caminhos
do teu ser
invisíveis e ausentes...

18/04/06

pássaros...


Ouvir a tua voz,
a sonoridade da tua voz no meu ouvido....
meu amigo, meu companheiro de diabruras...
enche todo o meu ser de alegria...
alegria dos pássaros que cantam
aos primeiros raios da alvorada,
em alegres chilreadas
e
dando as mãos
corremos livremente
prado fora,
cabeça ao vento,
rindo como eles
e
com eles....os pássaros!!!
Foto de Olhares

16/04/06

voar

Como a gaivota
o meu espírito voa livremente....
assim ao vento...

sem rumo, sem peias nem amarras,
nem horizontes limitados....
Vem comigo,

estendo-te a mão e juntos,
ensino-te a voar...

13/04/06

correntes...

Como os rios correm para o mar,
esse mar azul imenso
por onde espraio o olhar e te vislumbro
em tons normalmente prateados,
mas hoje especialmente hoje,
em que estás redonda como se foras um queijo da ilha,
dourados, mas reflectidos...
reflectindo as correntes de remoinhos

onde os peixes brincam nas águas transparentes.
Hoje, enquanto unimos as corrrentes de luz
fluindo nos canais invisíveis mas tão reais,
criando a força para que as dificuldades se superem...

11/04/06

pó de estrela

Sou uma pequena partícula voando...
vim da estrela que brilha e orienta os caminhantes,

aquela lá brilhante a que chamam alva....
voei pelo escuro até à luz azul e dourada do sol
passei pelo infinito

de planeta em planeta
e caí aqui neste ...
a que chamam Terra!
aqui fiquei
porque encontrei o mar
e
entre as suas ondas me perdi...
elas enrolam-me, brincando de carrocel...

esquecidas eu e elas
num vai e vem, vem e vai,
num constante rodopiar....
quais crianças que com as suas pequenas e delicadas mãos nos prendem,

e
connosco brincam também alegremente.

10/04/06

...

...Percorro as ruas do meu sentir
uma vez e outra
e olho encantada
para o gesto que lá ficou encalhado
vincado, marcado
à espera que outro gesto se lhe junte de novo...

07/04/06

esperança

Os dias atribulados
trazem em si
a noite
com o seu manto
bordado de estrelas...
em que os corpos exaustos repousam
as mentes se libertam
e...
sonham!

06/04/06

o que trazemos e o que levamos

Você vem ao mundo
sem coisa alguma
Assim, uma coisa é certa:
nada lhe pertence
você vem absolutamente despido,
porém, com ilusões.
É por isso que toda criança
nasce com as mãos fechadas, cerradas,
acreditando que está trazendo tesouros
- e aqueles punhos estão vazios.
E todos morrem com as mãos abertas.
Tente morrer com as mãos cerradas
- até ao momento ninguém conseguiu.
Ou tente nascer com as mãos abertas
- ninguém conseguiu também.
Nada lhe pertence
então está preocupado com que insegurança?
Nada pode ser roubado,
nada lhe pode ser tirado
tudo o que está usando
pertence ao mundo.
E um dia terá que deixar tudo aqui.
Não será capaz de levar coisa alguma consigo...

Osho do livro "Mais pepitas de Ouro"

05/04/06

Quanto mais íngreme o caminho,
maior o explendor que se avista...

degraus

Dentro de mim existe um mundo de amor para dar...
dar o que a mim me foi dado também
fazendo a caminhada, subindo os degraus da vida
encontro
tanta carência
por quem o posso distribuir...

02/04/06

Assaltam-me lembranças de outros hojes
em que era borboleta flutuando em teus braços
em teus abraços
em teus lábios....
em teus olhares doces, ternos e prolongados
em que me perdia
em que me aninhava,
e de tudo o resto me esquecia...

em que toda eu a ti pertencia
sem nada pedir
sem nada querer
sem nada exigir
apenas amar e ser amada!
Procuro um tempo
um outro tempo
porque este tempo, não quero
e espero
que venha o tempo
e tenha tempo
de ver um tempo
um outro tempo
aquele tempo
que eu quero!

01/04/06

olhares... 2

Estávamos em Maio.
O dia amanheceu sorridente. O céu azul sem nuvens. Apenas uma ligeira brisa agitava as folhas das árvores que estavam já com flores de variadas cores, fazendo com que um zumzum de abelhas se ouvisse no ar...
Era um dia igual a tantos outros, um dia de Primavera de Maio. As roseiras estavam já a deliciar os olhares com as suas rosas multicolores. Toda a natureza sorria desdobrando-se em tons dos mais diversos espalhando no ar aromas que nos deleitavam os sentidos.
A meio da tarde, e de repente, sem que nada o fizesse antever, o céu começou a ficar cor de laranja. Olhávamos à volta e tudo estava dessa cor, como se um enorme manto fosse estendido em toda a natureza. Eram as casas, as árvores, as pessoas, até o papagaio cinzento, ficou de repente alaranjado. A natureza calou-se. Um silêncio tumular, como se alguma coisa estivesse prestes a acontecer.
O céu passou de laranja a vermelho, de vermelho para amarelo, de amarelo de novo para vermelho. Tudo se vestiu agora de uma luz irreal, vermelha de sangue. As aves pararam de chilrear. As abelhas calaram-se. As pessoas calaram-se...tudo ficou silencioso...
De repente o céu abriu-se em mil luzes rompendo o firmamento, em mil raios. O ribombar dos trovões era assustador...Parecia que ia desabar o mundo, mas nem uma gota de água caiu!
Fiquei à janela apreciando o espectáculo maravilhoso com que a Natureza pródiga me queria brindar.
Isto durou bem umas duas horas.
De repente, tal como tinha começado, assim tudo acabou! As cores voltaram ao normal! os passarinhos voltaram a cantar, as abelhas a zunir, o papagaio acinzentado, só as pessoas estavam demasiado assustadas para falar, apenas balbuciavam interrogando-se o que teria sido aquilo!
Só eu tinha fico de janela aberta, a apreciar o espectáculo que ainda continua vivo no meu pensamento, preso na minha retina, apesar de terem passado alguns anos!