30/06/06

tempo


...uma relatividade que varia segundo o desejo, o modo e o momento...


foto de olhares

25/06/06

17/06/06

férias


Vou contando os dias para regressar de novo...
entretanto
deixo abraços



Foto de "Olhares"

12/06/06

generosidade


A generosidade de quem emprestou as palavras para que os amigos que me visitam delas possam usufruir e gostar, espero que se deliciem como eu me deliciei.
Emprestadas daqui
"Estou em silêncio
Estou em silêncio
De olhos fechados
Medito ou alheio-me do mundo
Escuto a melodia dos pássaros matinais
É a mais bela orquestra tocando nesta manhã de Outono que desponta
Um dia cinza e azul, com chuva miudinha
Faz uns momentos que despertei
De olhos fechados, abandonado ao calor apetecido dos lençóis
Vou adiando a jornada
As horas correm, tenho um intervalo de tempo cada vez menor
Num repente salto da cama que tinha por companhia e parto
Enfrento de novo o mundo e as noticias que escuto na rádio
Acidentes, desastres, tremores de terra, mortes, guerras…
Assim reconfortado, pelas noticias que ouço
Acelero a fundo, de novo em corrida com os traços descontínuos da estrada
Desta estrada rotineira da minha vida presa, e em círculos de volta da memória
E enfrento a obrigação de mais um dia de trabalho
Então despido da armadura que me protege
Sou um imenso operário em construção
Despido de mim mesmo, ou em conflito permanente
Com o operário e o patrão
Ligo a máquina ruidosa
O imenso forno em brasa
O balancé ou o torno.
A imensa serra de longos dentes cariados…
O maçarico de corte.
E corto de cima a baixo, e separo
As entranhas deste imenso navio que sou
Milhares de tubos, rebites, chaminés, vigias, mastros, e paus de carga
A carga imensa de um dia de trabalho intenso, e de suores frios
Correntes de ar, poeira e fumos.
Imensos fumos matinais
Dos cigarros caídos nos lábios roxos
Nas mãos gretadas, calejadas
Nos sulcos das rugas no rosto velho
Na barba cinza por fazer, no desalinho dos cabelos oleosos
No olhar.
No olhar parado.
Finito no tempo!
O olhar sem brilho, do brilho de outrora
Na sabedoria dos anos que passam
Então convencido pelas evidencias
Sou um imenso operário especializado
Em nada!
E no intervalo da vida, pelas dez e trinta certas ao tocar a sirene, paro!
Sento-me, fico em silêncio
E em silêncio desperto desta nostalgia ou do torpor que me consome
Desta maquinaria imensa e exacta de ruído febris
Das conversas, do futebol, das mulheres dos outros, dos engates…
Desconheço-me de novo, e ando sempre à descoberta de mim…
E deixo o corpo, este de carne e osso e prisão
E então vagueio elevo-me e pairo, bem por cima das cabeças que pensam, dos outros
E escuto, e ouço o que se diz, e concluo
Nem sempre o que se diz é o que se sente, ou a verdade, mas isso é segredo meu…
E assim, possuidor do segredo ou da verdade revelada, compreendo
A falta de brilho nos olhos
Ou a ausência do sorriso
O porquê das rugas
O cansaço permanente
Então maquinalmente, pelo hábito, ou impelido por estranha força
Desligo as máquinas
Paro o torno que girava em contínuo
Ou o balancé, que sempre iguais, cunhava as mesmas peças.
Milhares!
Verto a última gota de metal líquido, um bronze para a imortalidade
Do operário ilustre, mas desconhecido
E penso, e olho, e beijo
Estas minhas mãos de operário
Que cansadas, doridas, gretadas e gélidas
Constroem, fabricam ou reparam, as obras-primas, eternas, anónimas
Mãos instrumentais ou apêndices, ou obra suprema da natureza.
Mãos de manualidades empíricas, que abraçam um mundo todo
E que afagam, acariciam, ajudam o filho nos primeiros passos
Vestem, arranjam, alimentam e carregam
Todo este imenso silêncio, nesta manhã
Onde os pássaros entoam uma musica de orquestra à mistura com chuva miudinha
Ou ao domingo, na missa instituída na família, desde os primórdios do tempo
As mesmas mãos pedem perdão a Deus e imploram
E assim famintas desse perdão ou desse amor divino
Sacam do bolso o lenço amarrotado e limpam as lágrimas
Que correm bem por dentro como um rio frio
E transpondo a fronteira do olhar assomam e rolam na face velha
Em mim
Ou
No mendigo que à porta estende a mão e pede esmola.
E sem olhar
Entoa uma ladainha repetida, mono silábica domingo a domingo
Cabisbaixo, ausente de si e da vergonha!
Que o século é vinte e um
E há fome, e há guerra!
E eu maquinalmente sem me importar com a sua história
O seu drama, ou a sua vida, ou as suas lágrimas que correm
Saco do bolso a moeda esquecida e de mão fechada
Para que não se veja o gesto ou a quantia
Rápido atiro a dádiva ou a migalha e fico em paz
Comigo, ou com o Deus que observa silencioso o gesto, e o reprova
E parto de encontro ao restaurante
Para me degladiar com as iguarias ou o pecado da gula
Quero lá saber que se morra de fome em Africa!
Ou quero lá saber do mendigo
Assim saciado e farto
Regresso a casa, ao conforto ou ao silêncio
Ou vindo de um dia de trabalho cansado
Lavo as mãos, abandono-me num sofá velho e fecho os olhos
Assim neste ir e vir o dia passa e envelheço
E não querendo já saber de noticias ou de desgraças
Descalço-me, jogo fora as meias que me oprimem os pés
E deixo os sapatos abandonados num qualquer canto
Apago a luz
Despeço-me de mim e adormeço"

poema de joão marinheiro
Foto de Olhares

06/06/06

amizade...

Correndo apressados

pedrinha do rio e granito da serra

rolando...

pelas represas e açudes

se encontrando

num entrecruzar de mãos

percorrendo

dia a dia

a alegria

descansando sem pressas

festejando...