29/02/16

Voar

Há entrega e ternura nos dedos que se entrelaçam e nos dizem dos pensamentos que esvoaçam rodopiantes, como pássaros.

22/02/16

13/02/16

Moldando...



Há muito que Luís tentava dizer à moçoila o  sentimento que por ela nutria.
Começara há muitos anos, ainda no banco da escola primária, onde era sua parceira de carteira.
Aspirava aquele cheirinho e levava com o cacho de cabelos loiros, que fazia lembrar uma cascata de água cristalina brincando entre as pedras, cada vez que ela virava a cabeça olhando-o com aquele par de olhos escuros e brilhantes como a noite de luar. À noite sonhava com ela. Primeiro, sonhos infantis, serenos e puros, mas à medida que os anos iam passando, a natureza falava mais alto e os sonhos também.
Nunca mais o seu cheiro, a cascata e aquele par de olhos desapareceram da sua memória, bem pelo contrário. Quanto mais os anos passavam mais se impunham.
Ela parecia um pouco alheia a este sentimento, no entanto, certo dia tomou coragem e tentou deitar o barro à parede, a ver se colava.
Não colou.
Então pegou no barro e tornou-se um oleiro famoso...


Texto escrito para mais uma tertúlia do Et Quoi, cujo tema era barro.
Foto minha, da minha primeira peça em barro.