31/10/15

Os quatro elementos



Pediram para escrever sobre os quatro elementos. Assim, a seco, sem mais nem menos conversa.
De que elementos estariam a falar? Dos elementos químicos? Mas são tantos. Quereriam saber a história de como se conheceu cada um deles, quem começou a falar deles, quem os separou, quem lhes deu nome e por aí adiante?
Ou afinal estariam a referir-se apenas ao ar que respiramos, ao fogo que tudo consome,  à água que o extingue e à terra onde toda a actividade se vai desenrolando?
Fosse como fosse, sempre era muito mais divertido falar sobre o ar. Essa substância estranha que ninguém pode ver, mas que existe e alimenta os nossos pulmões mantendo-nos vivos. Até existem muitas expressões sobre ele, como por exemplo aquela que reza assim: uma lufada de ar puro, o que nem sempre é verdade, sobretudo quando um autocarro resolve bufar a plenos pulmões mesmo em cima do nosso nariz;
E que dizer do fogo que nos últimos anos não deixa de ceifar cada pedacinho de matas e matagais devorando tudo com uma fome que nunca é saciada e enfiando na fornalha tudo o que mexe, voa ou rasteja. Mas que é também bênção e aconchego das famílias, no Inverno, quando se juntam em redor da lareira enquanto lá fora o frio faz tremer e o vento agreste vergasta os ramos das árvores;
Parece que a água, esse bem mais precioso que mata a sede a todos os seres viventes, tem sido sempre pouca para apagar tanto fogo. Dias e dias as chamas consomem tudo tornando a paisagem bela e verdejante em verdadeiros desertos de cor preta. Ainda que as nuvens se esforcem por beber como camelos antes de enfrentar o deserto, para que possam despejar dias e dias seguidos, engrossando o caudal dos rios que, quantas vezes transborda, e corre apressados até ao mar;
Sim ao falar de tudo isto estou a falar da terra, elemento onde a chuva cai regando as sementes que darão os frutos,responsáveis pela renovação dos ciclos, onde o fogo em forma de queimadas fertiliza a terra onde hão-de cair as sementes,  e o oxigénio pulmão por onde tudo respira.
Tudo, na medida certa e em harmonia dão as mãos, para festejar a vida!

Texto escrito para o desafio da Tertúlia, do grupo Et Quoi, cujo tema era: Os 4 elementos.