07/12/13

Teias

A teia que à nossa volta vão tecendo
onde nos querem enredar, apanhar e prender
como se de pequenas e indefesas moscas
se tratasse...
será que nos conseguem na sua teia
viscosa, movediça e pegajosa enlear,
enrolar, manietar, atolar e, por último
asfixiar ou matar?

01/12/13

Resistir

Trouxe
neste domingo
primeiro
de Dezembro,
simbolizando
a resistência ao frio
e sevícias outras
a que nos querem votar!
Deixo-o com o calor do meu sorriso.

09/11/13

05/11/13

União

Estendendo os braços
abençoando a vida
e o sol, mesmo quando se esconde...
assim seremos unos
ervinha
e sombra, reflexo...

22/10/13

Esperança...

Já os castanhos substituíram
os outrora verdes
preparam-se os picos em riste
para o Inverno que se anuncia
nas bátegas que o céu distraidamente
deixa escapar por entre as nuvens.
Amanhã, espinhos darão rebentos,
verdes,
luzidios
amantes
do sol que se espraia pelo
prado fora...

04/10/13

Amarras

Se te oferecerem
ainda que sejam de ouro
de esmeraldas,
da pedra ou mineral mais fino,
mas grades,
não te prendas,
não cedas
solta as amarras
acredita
tu podes tudo
liberta os braços
e...
Sê como a abóbora!

02/10/13

Alerta

Não, não deixes que te esmaguem
Que façam de ti seu chão,
levanta a cabeça
ainda que a queiram colada ao
alcatrão!

21/09/13

Aos amigos

Sabes?
adoro-te assim, tal como és,
quando entras, mesmo que pé ante pé,
calado e quedo
pisando o chão que nos é comum.
entra e sente-te em casa,
é para ti esta imagem que deixo
assim como
o meu beijo
nela gravado
sentes?

05/09/13

Veio Setembro


Os dias escorrem mansamente

como água corrente entre as pedras

apagam-se braseiros

nas lágrimas do céu

enquanto a morte

ceifa

aqueles que lhe fazem frente.

Ficam os restos

do que outrora já foi flor

como rostos tristes

de as ver passar...

27/08/13

Afetos

Os afetos são como as plantas. Cultivam-se com carinho regam-se com respeito e eles florescem, crescem e criam raízes profundas. Alguns, outros morrem, como as plantas. Mas nunca deixam de marcar a sua presença em nós.


Como folhinhas de um mesmo ramo percorremos os dias da vida, umas vezes rindo, outras chorando, mas sempre juntos.

15/08/13


Depois,
Apenas silêncio
e meus passos,
inseparáveis e indissociáveis
como se foramos apenas um...
para abafar ruídos, outros,
tão gritantes,
tão cada dia mais constantes
que nos apertam o peito e
estugam o passo...

30/06/13

Entrega

Deixo a água beijar meu corpo nu,
o sol doirar meu cabelo antigo,
a sombra matizar meu rosto
as folhas adornar meus braços
entrego-me inteira
a ti Natureza...

28/06/13

margens

Por muito que nos queiram emparedar, havemos de encontrar sempre forma de nos libertar...

26/06/13

Águas turvas

Querem-nos fazer caminhar em águas cada dia mais turvas... está nas nossas mãos, vontade, determinação, inteligência e querer, delas escapar...

17/06/13

Chuva

Hoje o dia vai orvalhando as ervinhas e regando as "novidades" poupando corpo e nascentes à labuta da rega...

10/05/13

indiferenças

Não é linda a flor da malva?
Ali está simplesmente.
Tantos os passantes indiferentes
não vendo que a sua simplicidade
encobre algo que lhes pode, quantas vezes,
salvar a vida...

22/04/13

Como posso amar o vento que me derruba
se não para apreciar melhor
a doce brisa que me acaricia a pele?




foto: minha

27/03/13

Doces dias...

Para todos, os católicos e os não católicos, desejo um tempo de paz, amizade e fraternidade.
Deixo umas amêndoas para adoçar os dias.
Boa Páscoa!

Beijinhos e abraços.

17/03/13

Sede


Quando a tua música
Toca no meu coração
Sento-me em silêncio
ouvindo-a apenas
e aos trinados dos passarinhos,
os zumbidos das abelhas,
o coaxar das rãs,
o ondular da água na cascata
sons que se lhe vêm juntar
à música que o meu coração escuta…
cascata cantando de pedra em pedra
beijando o meu corpo
que se lhe oferece sequioso
matando a sede.



Foto minha

24/02/13

A viagem



A história que vos vou contar passou-se num tempo, em que animais, humanos e toda a natureza viviam em comunhão, harmonia e liberdade.

Todos partilhavam o espaço comum, procuravam conhecer-se melhor e ajudar-se mutuamente.
Hoje, vou falar-vos de uma cria de loba e de uma borboleta que, parecendo dois seres tão diferentes podem, se quiserem, encontrar pontos comuns para uma verdadeira amizade.

As crias, como todos sabem, são curiosas e aventureiras, sempre prontas a partir à descoberta.

Certo dia, quando já queria lutar pela sua independência, a cria afastou-se e foi andando, andando até se encontrar totalmente perdida.
Desorientada, olhou para um lado e para outro, a ver se conseguia descortinar o caminho de volta, ao aconchego da toca e da sua família.
De repente, levantou a cabeça e mesmo por cima dela, passou um ser leve e delicado, com o corpo coberto de várias risquinhas coloridas que se abriam sobre as suas costas, como se fora um leque e que ela não conhecia.
Parou para ver melhor aquele ser extraordinário, e admirado perguntou:

- Quem és e como te chamas?

- Eu sou uma borboleta e chamo-me borboleta, respondeu o serzinho.

- O que é isso que se abre sobre as tuas costas e para que serve? – perguntou de novo o lobinho.

- São asas e servem para voar – respondeu a borboleta, pousando graciosamente nas costas do lobinho.

- Nunca tinha visto ninguém igual a ti. Porque não tenho eu umas asas assim? perguntou de novo.

- És um lobinho. Os lobinhos não têm asas e não voam.
- O que é voar?
- É poder andar pelo ar em vez de pelo chão, percorrer as flores, aspirar o seu néctar e, poder por exemplo, subir para as tuas costas sem cair nem te magoar.

Esta explicação aumentou ainda mais a curiosidade do lobinho que repetiu admirado:

- Podes voar de flor em flor, conhecer outras terras, aquelas de que os velhos lobos da alcateia falam?

- Claro que sim – respondeu a borboleta.
Lobinho e borboleta fizeram um pequeno silêncio que foi quebrado por ele.

- Borboleta, vou chamar-te fluflu daqui em diante. Queres ser minha amiga? Vais mostrar-me os mundos que conheces?

- Gosto muito desse nome que inventaste para mim lobinho, a ti vou chamar-te simplesmente lobinho. Gosto do nome. Sim vamos ser amigos. Eu mostro-te o mundo que conheço e tu, o que conheces.

- Mas há um problema, disse o lobinho. Não tenho umas asas como tu e por isso não posso voar. Apenas posso correr montanhas e vales contigo nas minhas costas.
- Tu ainda não sabes, mas não sou uma borboleta qualquer. Posso perfeitamente dar-te asas para quando precisares voar. Mas fica um segredo só nosso.

- O lobinho ficou tão perplexo e ao mesmo tempo tão feliz que apenas foi capaz de articular um sumido: está bem!

Depois disto, por ali se quedaram conversando, conversando cada um dizendo ao outro o que conhecia do mundo.
Já tinha anoitecido e o lobinho deu-se conta de que não podia ficar ali sozinho. Disse à sua nova amiga que queria voltar para casa, mas que se tinha perdido e não sabia o caminho.

- Não te preocupes, sossegou-o a borboleta. Levas-me nas tuas costas e ensino-te o caminho para casa, queres?

 - Claro que sim. Fazes isso? Sabes o caminho para a minha toca?

- Sei. Vamos!

Chegados a casa, a mãe já ralada com a demora do lobinho, quando os viu chegar abraçou muito o filhote e, depois das apresentações, agradeceu à borboleta.
Mãe esta é a minha amiga fluflu. Posso brincar sempre com ela?

- Claro que podes, meu filho, respondeu sorrindo a mãe.
Nesse dia começaram uma viagem, que ambos queriam e esperavam, não ter fim...


Foto da net alterada por mão amiga

Conto lido na Tertúlia do Grupo Et Quoi de Aveiro, em 24-2-2013

27/01/13

Conflito



A sua cabeça era um reboliço.
O Natal aproximava-se a passos largos e ainda não tinha comprado as prendas.
- Não me posso esquecer de ninguém - pensava a toda a hora.
Queria concentrar-se nas tarefas diárias e não conseguia, com aquele mundo de pessoas a formarem lista na sua cabeça.
_ Não me posso esquecer de ninguém, repetia pegando numa caneta, desdobrando uma folha de papel onde se podia ver uma espécie de lista, à qual acrescentava mais um nome.
A lista ia crescendo num rol interminável.
O que hei-de comprar? Onde comprar? Está tudo tão caro! Este conflito interno criado entre o preço das coisas e a lista interminável roía-lhe as entranhas.
Todos os anos, se repetia esta preocupação como se de um ritual se tratasse.
Procurou a sua amiga e confidente para tentar receber algum conforto. Mas ela deu–lhe nas orelhas porque era contra este ritual das prendas. Marca de um consumismo imposto pelos grandes interesses económicos.
Mas eu não quero que digam mal de mim – pensava ela com os seus botões. O que iria dizer toda a gente se ela aparecesse sem prendas?
Marcou o dia de folga para se dedicar às compras. O Natal sem prendas não era Natal. Ainda que fosse apenas algo sem valor nem utilidade, o que era importante era dar uma prenda, cumprindo a tradição.
No dia de folga lá  foi toda excitada entregando-se de corpo e alma ao consumismo...
À saída, com um carro enorme cheio de pequenos embrulhos, tropeçou em mais mil como ela, cheios de pressa e nervoso para cumprirem o ritual...
Mudou rapidamente as compras do carrinho para o porta-bagagens do seu carro, arrancando do estacionamento de supetão, obcecada com o dinheiro que tinha gasto, completamente passada com toda aquela gente que a tinha obrigado a filas e filas.
Tão embrenhada ia, que não viu o sinal vermelho.
De repente, sem saber de onde vinha, ouviu um estrondo, viu um clarão e o mundo apagou –se.
Pequenos e coloridos embrulhos ficaram espalhados pelo chão...



Imagem da Net

16/01/13

Momento de Ternura

A rãzinha ficou muito descansada na minha mão, talvez por ser um momento de ternura,
numa quente tarde de Verão.