19/12/15

Festas Felizes!

Uma pausa. Apenas para respirar outros ares e festejar a vida noutros moldes.
Deixo, com votos de muitas prendas, aquelas que não se trocam por dinheiro, mas sim, as que não têm preço...
O meu sorriso grato a quem por cá vai passando, em silêncio ou deixando um rasto da sua passagem. Cada um dos meus amigos é único, mas ao mesmo tempo inseparável. A todos, sem exceção agradeço a amabilidade da amizade e a esperança que assim continuemos no ano que se aproxima!
Beijinhos, abraços e Festas Felizes!

07/12/15

Sede de poder



Era uma vez um país
Que por graça ou condão
Tinha à frente a mandar
Uma grande obsessão.
agarrado com unhas e dentes
ninguém o fazia sair
parecia lapa na rocha
sempre a falar, a falar, sempre a inventar
Para aos mais distraídos enganar...
Tão alto quis subir,
Tanto quis gosmar
Tanto quis subtrair
Tanto quis enganar
Arranjou um cooperante
Tão ou mais desesperante
Que até os mais distraídos
Um dia prestaram atenção
Uniram-se a peito
E fizeram uma votação
Gritaram alto e bom som
Que assim não podia ser,
Que já era demais
Tanto roubo e penacho
E nas urnas ou no governo
meteriam o cooperante
e, se possível, o mandante
no tacho!

Escrito para a Tertúlia do Et Quoi cujo tema era: Obsessão

03/12/15

Caminhos a desbravar

Do mar, a bravura, o sal e o sol
histórias de um povo sedento de descobrir
caminhos nunca antes navegados...

20/11/15

Renda dos dias

Teci a colcha com fios de espuma
para que o mar a levasse
mas o mar, no seu vagar
deixou-a estendida na praia
para servir de manto a quem passar...

16/11/15

Preconceito



Confortavelmente instalado naquele cadeirão pelo qual já muitas Estações tinham passado, olhos fixos no horizonte, com voz doce e tranquila e um sorriso nos lábios pediu:
- Diz-me uma vez mais, de que cor são teus olhos Maria?
Ela sorrindo também, de um modo carinhoso e cúmplice respondeu:
- azuis como o céu, como o mar em dias de calmaria, onde as nuvens se olham ao espelho, Miguel. Como a água dos regatos que cantam de pedrinha em pedrinha, contentes pela sua caminhada, sabendo que um dia serão também azul mar, azul céu.
- Diz de novo que cor tem o sol.
- Amarelo, como um campo de espigas loiras ondulando suavemente na brisa da tarde. Que nos aquece a pele quando passa os lábios por ela. Como o fogo que dança nas labaredas de prazer.  Amarelo foi também o meu e teu cabelo.
- E o verde? Fala-me dele.
- Verde cor da esperança, dos campos no começo da Primavera, Natureza que acorda do sono do Inverno e se levanta. Transforma-se em prados verdejantes, autênticos tapetes cobertos de relva e milhares de outras plantas, salpicados de todas as cores, flores e botões, arco-íris que desceu à terra.
- E o vermelho?
- Cor do coração, do sangue, da pequena e frágil papoila à solta pelos campos enchendo o nosso olhar.
- Como é bom ver o mundo pela cor das tuas palavras, Maria!
Assim começava muitas vezes a conversa entre estes dois seres,  sentados no alpendre, de mão dada, no momento em que a noite estende belos mantos, para receber o sol no seu seio.
Uma vida inteira juntos. Recordavam o dia em que se conheceram no infantário. Ele discriminado pelas outras crianças por ser invisual, posto a um canto, ela como se fosse um anjo, sempre atenta aos mais necessitados.
Tudo começara com um dar a mão para mostrar a sala de refeições. Nunca mais aquela mão deixou de estar na dele...
Seguindo um chamamento interior para a música, ele tinha seguido o conservatório tornando-se um pianista famoso, ela sempre curiosa, e com vontade de ajudar o próximo tinha-se tornado numa investigadora. Queria descobrir porque tinha nascido Miguel invisual, de uma forma irreversível. Queria ainda entregar-se à missão de ajudar a criar meios que proporcionassem uma melhor qualidade de vida aos que vulgarmente eram chamados cegos.
Assim, encabeçou  a criação de aparelhos de ajuda para que os invisuais encontrassem o seu lugar na sociedade, nomeadamente no mercado de trabalho, permitindo-lhes a dignidade de pessoas sem o estigma da deficiência, considerados iguais em direitos e em deveres.
Hoje, volvidos muitos anos, podemos ver aquele casal sorrindo tranquilamente falando de uma vida, em que ambos venceram o enorme preconceito social.

Texto escrito para a Tertúlia do Et Quoi, cujo tema era: O Preconceito.

09/11/15

Águas turvas

Estendem os tentáculos para tentar afogar-nos nas suas águas turvas. Mas... há sempre quem saiba quebrar a resistência e aclarar as águas...

31/10/15

Os quatro elementos



Pediram para escrever sobre os quatro elementos. Assim, a seco, sem mais nem menos conversa.
De que elementos estariam a falar? Dos elementos químicos? Mas são tantos. Quereriam saber a história de como se conheceu cada um deles, quem começou a falar deles, quem os separou, quem lhes deu nome e por aí adiante?
Ou afinal estariam a referir-se apenas ao ar que respiramos, ao fogo que tudo consome,  à água que o extingue e à terra onde toda a actividade se vai desenrolando?
Fosse como fosse, sempre era muito mais divertido falar sobre o ar. Essa substância estranha que ninguém pode ver, mas que existe e alimenta os nossos pulmões mantendo-nos vivos. Até existem muitas expressões sobre ele, como por exemplo aquela que reza assim: uma lufada de ar puro, o que nem sempre é verdade, sobretudo quando um autocarro resolve bufar a plenos pulmões mesmo em cima do nosso nariz;
E que dizer do fogo que nos últimos anos não deixa de ceifar cada pedacinho de matas e matagais devorando tudo com uma fome que nunca é saciada e enfiando na fornalha tudo o que mexe, voa ou rasteja. Mas que é também bênção e aconchego das famílias, no Inverno, quando se juntam em redor da lareira enquanto lá fora o frio faz tremer e o vento agreste vergasta os ramos das árvores;
Parece que a água, esse bem mais precioso que mata a sede a todos os seres viventes, tem sido sempre pouca para apagar tanto fogo. Dias e dias as chamas consomem tudo tornando a paisagem bela e verdejante em verdadeiros desertos de cor preta. Ainda que as nuvens se esforcem por beber como camelos antes de enfrentar o deserto, para que possam despejar dias e dias seguidos, engrossando o caudal dos rios que, quantas vezes transborda, e corre apressados até ao mar;
Sim ao falar de tudo isto estou a falar da terra, elemento onde a chuva cai regando as sementes que darão os frutos,responsáveis pela renovação dos ciclos, onde o fogo em forma de queimadas fertiliza a terra onde hão-de cair as sementes,  e o oxigénio pulmão por onde tudo respira.
Tudo, na medida certa e em harmonia dão as mãos, para festejar a vida!

Texto escrito para o desafio da Tertúlia, do grupo Et Quoi, cujo tema era: Os 4 elementos.

02/09/15

Água

Há quem saiba dar o devido valor à fonte da vida... e há os que a desrespeitam...

22/08/15

O Comboio



Os seus olhos, outrora dois faróis mais brilhantes do que o sol, em dias de Verão, estavam cansados e mais tempo fechados que abertos.
Tinha sido uma bela máquina e orgulhava-se do seu brilho e força, podendo puxar várias carruagens carregadas com gente ou mercadorias, por esse mundo fora, dentro sempre dos trilhos que lhe eram destinados, mas vendo o mundo girar umas vezes à superfície do chão, outras, à altura do céu, em pontes e aquedutos que lhe mostravam o mundo numa perspectiva diferente.
Agora, ao fim de tantos anos de idas e vindas, ali estava, juntamente com outras suas iguais, ao serviço de uma comunidade, quase toda em ponto pequeno e que chegavam, quais bandos de pardais, deliciando-se com as histórias que podiam ouvir da guia e ainda apreciar a cobertura reluzente e bem cuidada do seu corpo.
Não se sentia inútil, ainda que se tivessem acabado as viagens. Chegara o tempo de descansar, fazer ou ver coisas novas, diferentes das que até aí conhecia.
Agora, peça de museu, apreciava os olhares admirados e maravilhados das crianças e adultos que lhe afagavam a pele curtida pelo tempo enquanto se iam inteirando das aventuras da sua já longa vida.


Foto da Net

Pequena história escrita para a Tertúlia do Grupo ET Quoi, cujo tema era "o Comboio".