30/03/06

olhares...

Hoje,
desejei que o mundo conspirasse para me permitir ficar a admirar
a natureza no seu espreguiçar de penas, pios, voos rasantes,
brincando com as águas e os primeiros raios de sol...ao acordar, neste Tejo quase mar...
ainda espraei o olhar pelo manto de vidro azul, cristalino,
onde nem uma aragem queria entrar...
Os homens, na sua faina diária,

partilham e repartem o alimento que os hão-de sustentar!
São traços finos, coloridos, esbatidos
num frémito de levanta e baixa ritmado e incansável.
Os sacos enchem-se daquelas pequenas conchas

que hão-de fazer as delícias de alguém!
Mas apenas me é permitido um simples e apressado olhar!

Pois caminho neste ritmo imparável e frenético para vir trabalhar!
Da janela do meu espaço, posso ouvir o chilrear das aves

que se sobrepõe ao ruído de fundo e quase constante das marcas da chamada civilização - os automóveis!
Fico pensando e desejando depressa voltar,

áquele rio Tejo, quase mar e com um sorriso esperançoso,
vejo o tempo passar...

27/03/06

Hoje eu quero cantar!
A Vida, o sol
o horizonte, o mar!
Hoje eu quero cantar!
Cantar-te, bem alto
Hoje eu quero cantar!
os pássaros no seu alegre esvoaçar
a água que corre dos rios pró mar!
Hoje eu quero cantar!
as mãos que constroem, as casas, as pontes, os jardins,
que amassam, que cavam, que esgravatam, que cantam as palavras!
o riso das crianças despreocupadas, num alegre chilrear!
Hoje eu quero cantar!
o amor, os amigos, a amizade!

26/03/06

folhas

Sou a folha que se soltou do ramo
que voa ao vento
com rumo, com destino
apanho as outras folhas soltas
que se vão agarrando a mim
e levo-as comigo....

levo-as em minhas fibras, em meus veios
levo-as em mim
e juntas, rasgamos horizontes sem fim!
Vem também, tu que és folha solta
e queres voar
Sair do marasmo, do beco
onde te deixaste prender, atolar
talvez por preguiça, talvez por distração....
talvez por indolência, talvez por falta de visão
Vamos
vamos voar, é só dares-me a tua mão!

25/03/06

Olá!
Hoje resolvi fazer uma coisa um pouco diferente.
O meu amigo António, e a sua pergunta foram o motivo do post de hoje.
Tenho um código de conduta, pelo qual me rejo sempre, que é o respeito por tudo o que os outros produzem, escrevem, pensam e sentem. E por isso, tudo o que aqui coloco, são linhas minhas e da minha autoria. Quando colocar algo que goste, que me ofereçam, ou que de alguma forma não seja produzido por mim, terei sempre o cuidado de anotar a fonte respectiva, ou autor.
Fica dito!

24/03/06

algumas linhas

Reflexos...
Nos encontros e desencontros da vida, encontramo-nos reflectidos num abraçar de alma....

alquimia da natureza
No teu campo de girassóis vou colher o pólen para o transformar em mel...


abstrações...
caminho distraida pela praia...olhando o chumbo e prata, reflexo de um dia sem sol.....ouço ao longe o piar das aves....a espuma das ondas lentamente vem beijar-me os pés, levando consigo a marca das pegadas...


coisas simples, coisas sentidas
Senti a brisa da tua presença agitar-me a alma....
abri a porta e esperei que por ela entrasses
oh que alegria imensa quando a tua silhueta na contra luz se recorta
mesmo que seja para um simples, mas sentido, olá...


ai de hoje
A morte existe para darmos real valor à vida.
A vida não deve ser desperdiçada, mas sim vivida.
Viver a vida é dar-nos em amor pleno e incondicional...


momentos
vive cada momento como se fosse o último, não esqueças que cada um deles é único e irrepetível...

23/03/06

Natureza viva

Espraio o olhar pela superfície espelhada das águas e fico admirando o dançar dos flamingos reflectindo como cristais rosa nas águas, na dança da procura dos alimentos.
Hoje as sombras, são contraste onde tudo é realçado...
Ao lado numa escala de sobe e desce está toda a matiz de cores de penas e esvoaçares diferentes....
Os diversos piares são cânticos de alegria e prazer, de alegria de viver, à natureza pródiga...
Mais abaixo as águas espraiam tranquilamente a sua maré vazante, escutando, olhando e seguindo o seu próprio caminho!

22/03/06

a ti, água


Hoje eu te canto...
não como te cantam os poetas, porque poeta não sou!
não como te cantaria um pintor numa tela, porque pintora não sou!
mas eu te canto, como te sinto
quando sacias a secura dos meus lábios sedentos,
quando descansas o corpo cansado
quando afagas nas ondas do mar
quando cantas alegre correndo de pedra em pedra nos regatos
nos rios
nos mares
à solta, livre, cristalina
quando as tuas gotas desejadas pela terra gretada, a fazem rebentar
explodir, transformando a natureza
em milhões de cores, em milhões de flores
quando te transformas em arco-íris para as crianças alegrar
sim eu te canto oh água, porque te quero cantar!

21/03/06

esquecida de mim

Sento-me no alpendre debruçado sobre a várzea e olho...
Perco o olhar nessa vastidão de várias tonalidades de verde com que a natureza nos brinda. Ali, mais ao longe, os salgueiros, loureiros e choupos demarcam o rio que corre cantando na sua água cristalina, sobre os calhaus rolados e que generosamente vai servir de conforto a todas as terras suas companheiras de todos os dias, saciando-lhes a sede.Aquele rio que dava a sua água para lavar as roupas dos pobres, onde eu, pequena e felina, colhia as enguias que iriam servir de ceia enquanto a mãe lavava a roupa...Lá onde nas silvas cresciam aquelas lindas e grandes amoras pretas que eram um festim para as crianças. Os lábios todos roxos do sumo delas...em alegre chilrear e gesto de dedo no ar, apontados às figuras caricatas de cada uma...
Tocam as trindades no sino da igreja. O dia cai sobre o povoado... Acabam-se as fainas, pousam-se as alfaias, colhem-se e carregam-se as ervas que servirão de alimento aos animais. Leva-se a couve debaixo do braço que servirá para a ceia. Aqui e ali acende-se uma luz, primeiro um pontinho amarelo, depois outro e ainda outro e toda a aldeia se ilumina....recolhe-se a casa, prepara-se a ceia. Acende-se o lume. De repente todo o aconchego da labareda dançando e brincando num bailado ritmado, cadenceado fulguroso e fúlvio. As trempes colocadas onde a panela será assente e servirá para cozer as batatas com as couves e o bacalhau. Comida de consoada mas que mata a fome ao longo do resto do ano, no prato dos mais pobres....
Aconchega-se o gado...
A família reúne-se ri e chora, conversa e ora antes de receber o alimento, agradece ao bom Deus que lhe permita ter mais um dia e uma outra ceia...
ao longe vão-se calando os ruidos difusos da aldeia, a família deita-se, os rumores são cada vez mais ínfimos, abafados, até se extinguirem completamente.
O gato enrosca-se na lareira onde o lume vai esmorecendo...
O céu é de um negro pleno, salpicado de pequeninos pontinhos que mais parecem pirilampos. A aldeia adormece...
Uma brisa levanta-se serena, um pouco mais agreste e vem beijar-me a face, então acordo, a imaginação tinha-me levado para um passado distante e que não volta!
mas ali fiquei a olhar, como que esquecida de mim...

Dia Mundial da Poesia

Ver nascer o sol, é poesia
ouvir o pássaro cantar, é poesia
ouvir o murmurar das ondas, é poesia
ver a flor a desabrochar, é poesia
o sol caindo lentamente sobre o mar, é poesia
as estrelas tremeluzindo no céu, é poesia
uma criança a brincar, é poesia
ter alma para ver tudo isto, e conseguir exprimir-se,
é ser poeta...

20/03/06

escrita a duas mãos

Hoje eu te canto, porque sublimar o amor é imortalizá-lo...partilhar as coisas que nos são comuns, tornando-as num só abraço...
"Se eu pudesse ser todas as coisas seria,
Não por vaidade, mas por alegria
De saber que sabia!
De compreender o todo e não ficar pela metade!

Mas deixa que os meus sonhos sejam pombas
Que voem loucas e que regressem
Que se cale o estrondo das bombas!
E nos passos da paz se apressem!

Quem quer voar comigo?
Fazer de todos um amigo
Porque agora sei de tudo,
E de espanto reverente fico mudo!"

... Vem, ofereço-te as minhas asas
para juntos percorrermos mundos comuns
quero ser o alimento, a rocha, o vento...
quero contigo subir à montanha
contemplar o verde do prado, o mar...
estender-te estas mãos, dar-te este sorriso
levar-te comigo, e...fazer-te sonhar!
Lá onde não há vazios
nem tristezas
nem depressões
nem pobrezas
nem guerras...
Lá onde escrever não é dor, mas alegria
não é agonia, mas liberdade
onde as palavras são cavalos à solta
por verdes prados!
sim, ficaremos Lá
na terra de todos os sonhos...
e nunca mais haverá desdita
nem dentes a ranger
nem crianças a gritar
nem pássaros em gaiolas
nem grades nas janelas
nem rostos tristes
nem noites cheias de solidão
nem desamores
nem desencontros
nem desencantos...
somente o sol brilhará
e haverá sempre a alegria da partilha!!!
Vem comigo, estendo-te o meu abraço

nas asas do vento

Vem depressa, sem demora
acudir ao meu cansaço
Vem nas asas do vento
para chegares ao romper da aurora

Empurra a porta que fica aberta
à tua espera mansamente...

momentos

Chegaste assim de mansinho e devagarinho empurraste a porta...
aconchegaste-te nos meus lençóis
sentiste o calor do meu corpo quente...
olhámo-nos longamente, docemente
entrelaçámo-nos e...
apagámos a luz...

madrugadas

Gosto das madrugadas que anunciam novo dia.
Mesmo aquelas mais frias, mais tristes, mais vazias...
Há sempre um acordar, um despertar, uma magia....
um nunca saber o que irá acontecer!
Como nesta dialéctica crescente da vida, um sorriso, uma carícia
pode tornar tão radiosa a madrugada...
Que forma mais sublime de amar, do que amar acima de todas as formas...

amizade

é...
percorrer o já percorrido,
calar o já sabido,
voltar atrás com alegria,
só para dar a mão ao amigo,
para que percorra o não percorrido
e ensinar o que não sabia...
as vezes que for preciso...

19/03/06

Passagem

...Enquanto escolhemos os castelos e as ondas, deixamos passar a vida enrolada nos silêncios...
Não deixes que os silêncios se instalem nos teus castelos, nos teus recantos, nas tuas ondas, vive-os de forma a que o marulhar se possa fazer ouvir, sempre, para que a vida se desenrole...dando luz e brilho ao teu olhar!
Escrevi, esta pequena linha no meu espaço anterior, a 17 do corrente mês, mas como lhe chamei passagem e, como esta aventura se pode considerar também uma passagem, achei adequado deixar aqui, numa espécie de abertura...

18/03/06

Começar

...e pronto, já te fiz a vontade! Mudei o meu espaço do Messenger, para aqui, abrindo caminhos mais fáceis de trilhar. Espero chegar a bom porto!