30/10/06

palavras à solta...1


palavras que saem a 2 vozes...

DA Partilha

o sentido de humor é parte integrante duma inteligência criativa
e duma sensibilidade madura.
nao desenhamos letras..
apenas as colamos umas às outras

só quem tem sensibilidade e maturidade para as ver, as vê
só quem sabe ler
mas desenhamos ideias e isso é fantástico
em sintaxe e semântica
fazemos do traço um caminho cúmplice com um pensamento
semeamos palavras em papel

para que floresçam
saudáveis e ricas
em ideias
em perfumes
em cor
a arte de sentir os sentidos
sublimada..
quando a conseguimos transmitir
quando a dotamos de asas que fazem das ideias livres

bem...estou a apreciar deliciada...
comunicar é o mais exigente dos desafios
porque exige nao só saber transmitir, como tambem saber ouvir
escutar
apreender
assimilar
poder dia a dia saborear este escutar
este sentir
é fantástico
e afasta para longe o fantasma da monotonia
porque mais importante que saber todas as cores..
é saber ver em cada uma um significado diferente
uma mensagem nova

és um poeta, afinal
um poeta amante das letras
tu a musa que me inspira
humm
os poetas gostam de prender as palavras em rimas
eu gosto da liberdade

não é desses poetas que falo
falo da poesia em liberdade onde as palavras
são como pequenos pássaros em bando pelos céus libertos
nao gosto de monologos
adoro a escrita partilhada
assim, como estamos a fazer

e eu
palavras que se adequam às tuas
palavras que se fundem nas frases que escrevemos
que encontram no fim da tua frase o início da minha
e vice-versa
a partilha muda tudo
porque é em si a essência da comunicação

a partilha altera o valor
a essência
a partilha é o melhor da vida
não apenas nas palavras
a partilha dá um destino certo à palavra
e ao mesmo tempo deixa-a livre para poder voar
endereça as ideias
sim
porque encontram no outro.. terreno fértil
onde cresce sem tempo
onde amadurece no momento

onde as letrinhas se agrupam
rodopiam
letras que dão as mãos
volteiam e formam as palavras
palavras que se abraçam
que se entrelaçam
e se transformam
num laço que não prende
mas que estende..

mas entende...
que abre horizontes
que se espraia
se ilumina
e se solta!
como o mar...


foto de olhares

28/10/06

de ti para mim...


Adoro-te minha flor rara,
meu jardim, onde semeio meus sonhos,

meu mar onde me faço onda,
meu mundo onde me faço homem,
meu céu onde escrevo: sou teu...

de mim para ti...

24/10/06

silêncios de diálogo...



Gosto de me sentar na minha pedra mágica,
amiga,
e ouvir o silêncio de uma noite estrelada,
da madrugada,
onde todos os ruídos são abafados, comidos, calados...
o silêncio da vida
não o da morte...
esse outro silêncio não quero
não suporto
aquele que levanta o muro à nossa volta
e dos vivos, transforma em mortos...
que arranca pedaços do coração
coloca lágrimas na minha voz, no meu olhar
me tapa o sol
me afoga o mar...


foto: www.olhares.com

23/10/06

desabafos...


Entrego-me a ti que me entendes,
me escutas,
me consolas,
me embalas nas tuas ondas.
Elas lavam (levam) as minhas mágoas,
afagam e afogam o meu lamento,
a ti ó mar, a ti ó vento,
entrego esta tristeza que me inunda o peito,
me sufoca
me desfoca o olhar
me prende o pensamento

me impede de voar...

foto: 1000 imagens

20/10/06

quotidianos...


Não gosto de ir às compras. Sei que acham estranho porque as mulheres são conhecidas pelo seu fascínio pelas compras. Não gostaria de desiludir ninguém mas a verdade é que não gosto de ir às compras!
Mas nesta vida fazemos muitas vezes também o que não gostamos. As compras é uma dessas, para mim. E como tem que ser, tento fazê-lo transformando esse momento no melhor e mais agradável possível, aproveitando para, em simultâneo, apreciar as pessoas, isso sim, coisa de que gosto e onde ali é um local privilegiado.

O supermercado que fica perto da minha casa, tem à entrada, no corredor interior, uma das maiores invenções para dar dinheiro, pois que vocacionada para as crianças – os animais de meter a moeda – neste caso um cavalinho.
Avô quero ir para o cavalinho, - ouvi a certa altura.
- Não pode ser que não tenho moeda – respondeu o avô
- Não faz mal, mesmo sem moeda – retorquiu a criança
Esta pequena troca de palavras despertou a minha atenção ficando a aguardar que o avô satisfizesse um pedido tão simples.
Eu e a criança, ambas pendentes, suspensas da decisão do avô.
A criança repetiu várias vezes o pedido e a resposta do avô foi sempre a mesma.
Foi a minha vez de intervir.
Peguei na pequena ao colo e coloquei-a em cima do cavalinho, dizendo-lhe que depois pedisse ao avô para que a descesse.
- Sei descer sozinha - respondeu ela de olhos brilhantes sorrindo para mim como o sol numa manhã radiosa de verão, ao conseguir realizar o seu pequeno/grande sonho – andar em cima do cavalinho, ainda que sem moeda...

Porque será tão difícil que os adultos entendam como é tão fácil fazer sorrir uma criança?...



foto: www.olhares.com

18/10/06

como a natureza...



Olhando a água correndo,
escutando o seu cantar
contornando os obstáculos
como mestre da vida, ensinando!...


foto: 1000 imagens

11/10/06

recordando...


Como se fosse um beijo....
encosto a cabeça na areia...e escuto o murmúrio da tua voz vinda do mar!
As ondas são o manto com que te e me afago e,

bem juntinhos, ficamos suspensos a ouvir os sons do oceano...

...tanto tempo...
O silêncio é tão denso, tão doloroso, tão intenso, tão sentido!
tão cheio de vazio
este
porque o outro, é tão o oposto....


imagem trazida do Kafe

08/10/06

olhares...3


Olhei para ti
senti-te
pele macia e aveludada
tuas pétalas entrelaçadas
nesse caule delicado
cálice onde as abelhas vêm receber teu polén
seu alimento
nessas verdes folhas onde botões se abrem...
escondidos os espinhos
esses da vida que nos ensinas a olhar e a delicadamente cortar
quebrar
contornar
saltar
ou
simplesmente ignorar
para no final
colher
recolher
mimar
tactear
esse cetim aveludado
numa multiplicidade de sentires
aromas
cores...


Foto: oferta amiga