19/05/14

simplicidade

Indiferente ao capricho dos humanos
continuas a nascer a cada Primavera
mostrando que na simplicidade
se pode ser Grande!
flor campestre do linho.

05/05/14

Estação



Rita era ainda uma criança de tenra idade. Aquela idade em que tudo se interroga, tudo se pensa, tudo se sonha, e tudo se ouve, a idade dos porquês. Com um sorriso sempre pronto a iluminar o rosto, Rita era uma figurinha simpática de pele muito branca e cabelos tão louros que frequentemente as pessoas, brincando, lhe pediam um fio de ouro do seu cabelo.
Bem disposta, passava o tempo a cantarolar, enquanto corria atrás do vento, e de alguma borboleta mais vistosa que lhe chamava a atenção. Nunca parava quieta desde o acordar até à noite e por isso, frequentemente a mãe lhe entrançava o cabelo para que ficasse mais apresentável e para que este não ficasse todo embaraçado e cheio de ervas, por onde passava, brincando com toda a sorte de animais minúsculos que apenas ela via. Toda a gente a conhecia como a menina das tranças de ouro a esvoaçar ao sabor da correria.
Às vezes ficava  muito quieta, pensativa, escutando o que apenas ela sabia, e também gostava muito de brincar com os amigos imaginários.
Tinha uns 4, cada qual com seu nome e com quem adorava brincar às mais diversas brincadeiras.
Certo dia, ouviu os pais falarem de uma estação das flores. Centrou toda a atenção na conversa, mesmo parecendo estar a dar importância a outra coisa diferente.
Nessa noite, já aconchegada entre o quentinho da cama, começou a pensar o que seria e onde ficaria, aquela linda estação, de que os pais falavam.
Ela, que costumava ir com os pais, de comboio, de férias para casa da avó, nunca tinha passado por nenhuma estação assim.
Imaginou como seria. Os carris cheios de flores, por exemplo, jarros, a bilheteira cheia de narcisos (ela sabia já o nome de algumas flores)
e toda a parte onde se espera os comboios, a que já tinha ouvido chamar gare, completamente cheia de canteiros com lindas rosas.
Cheia de abelhas e zangões a fazerem aquele zzzzzzzzzzzzzzzzz no ar e os aromas todos misturados.
As pessoas de certeza que haviam de andar sempre sorridentes e felizes numa estação assim.
No dia seguinte iria perguntar à mãe onde ficava e se a podiam visitar.
Adormeceu com esse pensamento e dormiu feliz sonhando com comboios, carris, e gares cheias de belas flores.
No dia a seguir, já todos sentados à mesa para almoçar, a Rita surpreendeu os pais com a pergunta. Estes olharam-na entre o incrédulo e o divertido, com aquele ar que só os pais sabem fazer.
Mas... a estação das flores não é nenhuma estação de comboios- disseram - é uma estação do ano. Chama-se Primavera e diz-se que é das flores, porque toda a Natureza se cobre de flores nessa altura.
Começa normalmente no dia 21 de Março e termina no dia 21 de Junho.
A Rita ficou muito calada. Afinal já não poderia visitar a estação que na sua imaginação fértil de criança, tinha visto. Mas, por outro lado, aprendeu mais uma coisa. O Ano tem uma estação de flores, a que chamam Primavera.

Conto escrito para a Tertúlia do Grupo ET QUOI, em Maio de 2014, cujo tema era: "Estação"