06/02/11

Egos


Por cima dos canteiros onde os pais cultivavam os mimos para a sua subsistência havia  sempre uns seres que a menina achava imensamente engraçados, por tão ridículos.
Não eram assim de pele como ela e as outras crianças, mas sim feitos de palha, os braços e as pernas eram de pau e sempre com um chapéu, também feito de palha, na cabeça. Pensava a menina que fosse para se protegerem do sol e da chuva pois que permaneciam imóveis dias e dias...
Ela costumava ficar por ali admirando aqueles seres bizarros. Os pássaros vinham em bandos namorar as “novidades” verdinhas e viçosas e poisavam em cima destas figuras tornando-as ainda mais estranhas.
Um dia a menina perguntou à mãe:
- Mãe, para que servem estes seres, por ali sempre imóveis nos canteiros?
A mãe sorrindo respondeu:
- São para afugentar os pássaros.
- Então porque pousam os pássaros neles? Parecem ter pouco medo- respondeu a menina.
- Sabes, os pássaros são sábios.
Eles sabem que são apenas figuras de palha. Pela vida fora irás encontrar muitas figuras assim...


foto da net

14 comentários:

Rosario Ferreira Alves disse...

Levou-me à infância. Belo e educativo texto. Adorei.
beijinho

Anónimo disse...

uma mensagem subliminar ao espantalho. gostei muito, teresa. um beijinho.

Rui Girão disse...

A mãe da menina fez juz à sabedoria dos pássaros do conto.
Aproveitou a curiusidade da sua filha para lhe transmitir uma "lição de Vida".
São assim as mães. É assim a autora desta história.
Com poucas palavras espanta(nos) com as suas reflexões e os seus conselhos.

Anónimo disse...

Corações de palha.

AC disse...

Homens de palha...
E há tantos por aí!

Beijo :)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

se há! de palha e não só.

gostei da simplicidade do texto.

beij

Nilson Barcelli disse...

Uma historinha deliciosa, muito ao teu estilo.
Gostei, querida amiga.
Beijos.

Graça Pires disse...

Os espantalhos! Quando era menininha também os achava esquisitos... E também via os pássaros poisados neles.
Adorei recordar a infância.
Um beijo.

Et disse...

Recuei na infância. Apesar de achar que eram e são criaturas estranhas, são inofensivas. Limitam-se a desempenhar o papel de afuguentarem as aves. Já outros, os - difarçados -, esses são temíveis, porque, hegocentricamente, afuguentam um dos nossos bens mais preciosos. A paz e a harmonia. Gostei muito,uma belissima história de reflexão. Beijos, Teresa

Parapeito disse...

que bonitas estórias tu vais um dia aos teus netos :)
era uma vez...uma nuvem de algodão doce, que gostava de escrever histórias de encantar para adormecer os anjinhos que viviam na terra :)
brisas doces para ti*

Nilson Barcelli disse...

Querida amiga, reli e continuei a gostar imenso.
Beijos.

Anónimo disse...

da sabedoria ancestral. os espantalhos entretanto ganharam vida.

e "andem" por aí.

alegoricamente.
...
:)

gosto .

beijo.
gosto.

beijo.

Anónimo disse...

Bill disse:
E assim, pelos caminhos... encontramos figuras de palha a queimar as horas.

Doce e belo... Um olhar sobre os dias... que vão além do olhar.

Beijo querida Teresa e doce semana.

Anónimo disse...

espantalhos e gigantones, os cabeçudos de portugal

:) belo título!