Era uma vez uma aldeia muito bonita espalhada por montes, por onde as casas se iam distribuindo como se fossem árvores.
Esta aldeia era quase em tudo semelhante a todas as outras.
No vale havia uma várzea verdejante, contente em ter por companheiro o rio que a serpenteava, de água tão límpida e transparente que mais parecia prata, quando o sol com os seus reflexos a beijava e onde as enguias e outros peixes corriam alegremente alimentando-se de coisinhas pequenas que iam apanhando ao longo da corrente.
Nas margens do rio havia salgueiros, amieiros, choupos, loureiros e outras árvores cujo nome a menina desconhecia.
Havia ainda silvas que a cada Primavera se cobriam de flores belíssimas, de um rosa desmaiado e que faziam as delícias das abelhas e besouros.
A menina sabia, porque por ali andava sempre namorando o rio e tudo o que acontecia à sua volta, curiosa e ladina, de tal forma que lhe chamavam a menina do rio, que aquelas flores agora tão pequenas e tímidas iriam transformar-se em belas e suculentas amoras pretas lá mais para o Verão, e que fariam as suas delícias e a dos outros meninos como ela.
O amor pelo rio tinha-lhe vindo desde tenra idade, tão pequenina era que mal se sustinha em pé ainda, mas já acompanhava a mãe que ia lavar a roupa. Às vezes ia no alguidar que a mãe transportava à cabeça e ficava sentada ao abrigo da copa de uma oliveira, enquanto a mãe lavava a roupa. Mais tarde, já ela ia também ajudar, nasceu-lhe um grande amor pelo rio e suas criaturas.
O amor da menina pelo rio foi crescendo à medida que as pessoas menos importância lhe davam.
Começaram a jogar para o seu ventre as coisas mais incríveis: lixo que se ia acumulando mais e mais e que a menina via e se sentia totalmente incapaz de fazer parar.
O rio começava a ficar doente e a menina entristecia a cada dia mais e mais.
Então, a Mãe Natureza que a tudo assiste, umas vezes calada outras gritando de forma a que se faça ouvir, vendo a tristeza do rio e da menina, chorou, chorou, chorou juntando as suas lágrimas às da menina e do rio.
As lágrimas, em forma de chuva começaram a encher o rio e o lixo que lá estava acumulado e que ocupava muito espaço, não deixava a água correr.
Foi enchendo, enchendo até não caber mais e transbordou alagando a bela várzea e levando consigo as verdejantes culturas e tudo o que se atravessava à frente.
As pessoas, vendo aquilo, levavam as mãos à cabeça amaldiçoando a sua sorte.
Mas a menina do rio, disse-lhes:
Vocês é que tiveram a culpa. Não respeitaram o rio nem as suas margens, encheram-no de lixo e ele chorou. É a forma que a Mãe Natureza tem de vos dizer que devem parar e inverter o caminho.
As pessoas em silêncio e algo envergonhadas por uma menina lhes dar uma lição escutaram as palavras e prometeram que iriam limpar o rio, mal a chuva parasse.
Como todos sabemos, a Mãe Natureza escuta as palavras que vêm dos nossos corações e por isso, parou de chorar. O sol apareceu sorridente secando a água que voltou ao normal e as pessoas todas juntas limparam o rio ficando este de novo belo, com a água transparente correndo livre e cantando de pedra em pedra.
O solo ficou fértil dando de novo lugar às mais belas e verdejantes culturas.
As crianças na escola aprenderam que se deve respeitar a Natureza porque todos fazemos parte dela.
Nota: Escrevi esta pequena história para oferecer aos "Ursinhos Carinhosos" que desenvolvem um trabalho em parceria com uma escola de Portugal,sobre um dos nossos rios.
Com um beijinho carinhoso.
A foto é da net.
14 comentários:
tb,
Uma história muito pedagógica, óptima para ser explorada nas escolas.
Beijo :)
Nossa amei.
Bem tocante,vc escreve super bem.
Andei meio sumida mas tô de volta na vida de blogueira ativa e claro comentando sempre aqui a partir de agora.
Bjooz.
Visite sempre e comente à vontade:
http://marcadorfluorescente.blogspot.com
Uma história "bem real" que traduz a forma de pensar ecológica da sua autora.
Uma história "bem actual" que alerta para o desleixe com que o "serzinho" Homem trata a sua Mãe natureza.
Uma história feita de palavras "grandes", escrita por uma... "grande" Mulher!
Vou repetir-me: devias escrever mais histórias destas e publicar com desenhos apropriados.
Arranja alguém que te ilustre as histórias e apresenta o projecto a uma editora idónea.
Esta história, por exemplo, devia ser de leitura obrigatória nas escolas.
És mesmo excelente neste registo. E não estou a exagerar...
Querida amiga, boa semana.
Beijos.
um texto muito bom além de ser pedagógico.
interessante.
beij
Belo e terno
Um caminho a caminhar
Uma história lindíssima e ecológica. Queria ser essa menina...
Um beijo.
Têbêamiga
Que bem escreves! E, como eu adoro escrever, vivi, vivo e viverei de escrever, delicio-me com o que encontro bem escrito. Muitos parabéns.
Estória pedagógica lhe chama o nosso bom Amigo ÁCê. E ecológica. E terna; mas, sobretudo uma estória para recordar e guardar na nossa memória e no nosso coração.
Feliz a malta para quem a produziste, porque, como dizem os meus netos, é bué da fixe. Senão, vejamos:
As crianças na escola aprenderam que se deve respeitar a Natureza porque todos fazemos parte dela. Excelente.
Espero-te na Minha Travessa. E não é um pedido; é uma ORDEM!!!!! hahahaha
Com comentários e (per)seguição. Só...
Qjs = queijinhos = beijinhos
precisamos todos que sejam felizes para sempre
Bem imaginada. Bem real. Linda e terna.
Beijo
Uma bela fábula, querida Teresa. A consciência ecológica da menina faz-nos ter esperança de que aqueles, que serão os homens e mulheres do amanhã, tornem a natureza livre da predação a que ela hoje é submetida. Um beijo.
Gostei do conto :)
"A menina do rio"..lembrou me alguém...
brisas doces para ti*
a claridade que sai das crianças..
beijos T
"________________....Como todos sabemos, a Mãe Natureza escuta as palavras que vêm dos nossos corações e por isso, parou de chorar. O sol apareceu sorridente secando a água que voltou ao normal e as pessoas todas juntas limparam o rio fica...ndo este de novo belo, com a água transparente correndo livre e cantando de pedra em pedra.
O solo ficou fértil dando de novo lugar às mais belas e verdejantes culturas.
As crianças na escola aprenderam que se deve respeitar a Natureza porque todos fazemos parte dela."
Teresa Bonito.
em nome da certeza de saber transportar a humanidade.
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