Contente,
o rio traça
rabiscos na corrente
esperando
a gente que
os saiba ler...
18/11/14
28/10/14
Entardecer
Entardecia no meu olhar, o dia,
calava-se ao longe o piar de várias vozes
o silêncio tomava conta dos sentidos
o ar exalava lentamente o odor morno da maresia
a brisa beijava ao de leve os elegantes caniços.
calava-se ao longe o piar de várias vozes
o silêncio tomava conta dos sentidos
o ar exalava lentamente o odor morno da maresia
a brisa beijava ao de leve os elegantes caniços.
16/10/14
Tempos...
... e nas voltas do tempo que não pára, as correntes vão-nos arrastando,
quem sabe, inexoravelmente para o abismo...
É tempo de mudarmos a estação!
quem sabe, inexoravelmente para o abismo...
É tempo de mudarmos a estação!
03/09/14
Setembro
Chegou Setembro,
que corre com o vento,
solta a aragem,
tranquila, branda, amiga
como colo de mãe...
que corre com o vento,
solta a aragem,
tranquila, branda, amiga
como colo de mãe...
13/08/14
Amor
Corre-lhe nas veias o amor à Natureza,
por isso nasce, cresce, floresce para ela
e por ela morre, fertilizando o solo
quando o beija...
por isso nasce, cresce, floresce para ela
e por ela morre, fertilizando o solo
quando o beija...
07/08/14
Amoras
Chegou o tempo das amoras,
Começam a espreitar provocantes,
nos píncaros dos ramos das silvas,
esticando seus gomos suculentos e negros de maduros
tentando esconder dos mais incautos, os seus picos...
Começam a espreitar provocantes,
nos píncaros dos ramos das silvas,
esticando seus gomos suculentos e negros de maduros
tentando esconder dos mais incautos, os seus picos...
25/07/14
Solfejos
Sei de um país
onde um maestro rege
há muitos anos
com batuta falsa
e compassos desacertados
para o público,
mas os membros da orquestra
Afinados
seguem-lhe todos os solfejos.
30/06/14
08/06/14
Leonor
Já não há verdura,
Já não há frescura,
Já não há viço,
Há sim,
Uma espécie de enguiço,
Que nos joga
Nas ruas da amargura.
01/06/14
Dia Mundial da Criança
Todos falam em nome das crianças
sem no entanto criarem um mundo
onde elas o possam ser, a todo o momento,
um mundo,
onde não sejam agredidas,
vendidas;
incompreendidas,
desprezadas,
abandonadas,
onde as suas lágrimas sejam apenas sinal de alegria,
e o sol possa nascer a cada dia, nos seus olhos.
a ti criança
esta pequena flor
branca, como o coração puro.
sem no entanto criarem um mundo
onde elas o possam ser, a todo o momento,
um mundo,
onde não sejam agredidas,
vendidas;
incompreendidas,
desprezadas,
abandonadas,
onde as suas lágrimas sejam apenas sinal de alegria,
e o sol possa nascer a cada dia, nos seus olhos.
a ti criança
esta pequena flor
branca, como o coração puro.
19/05/14
simplicidade
Indiferente ao capricho dos humanos
continuas a nascer a cada Primavera
mostrando que na simplicidade
se pode ser Grande!
flor campestre do linho.
continuas a nascer a cada Primavera
mostrando que na simplicidade
se pode ser Grande!
flor campestre do linho.
05/05/14
Estação
Rita
era ainda uma criança de tenra idade. Aquela idade em que tudo se interroga,
tudo se pensa, tudo se sonha, e tudo se ouve, a idade dos porquês.
Com
um sorriso sempre pronto a iluminar o rosto, Rita era uma figurinha simpática
de pele muito branca e cabelos tão louros que frequentemente as pessoas,
brincando, lhe pediam um fio de ouro do seu cabelo.
Bem disposta, passava o tempo a cantarolar, enquanto corria atrás do vento, e
de alguma borboleta mais vistosa que lhe chamava a atenção. Nunca parava quieta
desde o acordar até à noite e por isso, frequentemente a mãe lhe entrançava o
cabelo para que ficasse mais apresentável e para que este não ficasse todo
embaraçado e cheio de ervas, por onde passava, brincando com toda a sorte de
animais minúsculos que apenas ela via. Toda a gente a conhecia como a menina
das tranças de ouro a esvoaçar ao sabor da correria.
Às
vezes ficava muito quieta, pensativa,
escutando o que apenas ela sabia, e também gostava muito de brincar com os
amigos imaginários.
Tinha uns 4, cada qual com seu nome e com quem adorava brincar às mais diversas brincadeiras.
Certo dia, ouviu os pais falarem de uma estação das flores. Centrou toda a atenção na conversa, mesmo parecendo estar a dar importância a outra coisa diferente.
Nessa noite, já aconchegada entre o quentinho da cama, começou a pensar o que seria e onde ficaria, aquela linda estação, de que os pais falavam.
Ela, que costumava ir com os pais, de comboio, de férias para casa da avó, nunca tinha passado por nenhuma estação assim.
Imaginou como seria. Os carris cheios de flores, por exemplo, jarros, a bilheteira cheia de narcisos (ela sabia já o nome de algumas flores)
e toda a parte onde se espera os comboios, a que já tinha ouvido chamar gare, completamente cheia de canteiros com lindas rosas.
Cheia de abelhas e zangões a fazerem aquele zzzzzzzzzzzzzzzzz no ar e os aromas todos misturados.
As pessoas de certeza que haviam de andar sempre sorridentes e felizes numa estação assim.
No dia seguinte iria perguntar à mãe onde ficava e se a podiam visitar.
Tinha uns 4, cada qual com seu nome e com quem adorava brincar às mais diversas brincadeiras.
Certo dia, ouviu os pais falarem de uma estação das flores. Centrou toda a atenção na conversa, mesmo parecendo estar a dar importância a outra coisa diferente.
Nessa noite, já aconchegada entre o quentinho da cama, começou a pensar o que seria e onde ficaria, aquela linda estação, de que os pais falavam.
Ela, que costumava ir com os pais, de comboio, de férias para casa da avó, nunca tinha passado por nenhuma estação assim.
Imaginou como seria. Os carris cheios de flores, por exemplo, jarros, a bilheteira cheia de narcisos (ela sabia já o nome de algumas flores)
e toda a parte onde se espera os comboios, a que já tinha ouvido chamar gare, completamente cheia de canteiros com lindas rosas.
Cheia de abelhas e zangões a fazerem aquele zzzzzzzzzzzzzzzzz no ar e os aromas todos misturados.
As pessoas de certeza que haviam de andar sempre sorridentes e felizes numa estação assim.
No dia seguinte iria perguntar à mãe onde ficava e se a podiam visitar.
Adormeceu
com esse pensamento e dormiu feliz sonhando com comboios, carris, e gares
cheias de belas flores.
No dia a seguir, já todos sentados à mesa para almoçar, a Rita surpreendeu os pais com a pergunta. Estes olharam-na entre o incrédulo e o divertido, com aquele ar que só os pais sabem fazer.
Mas... a estação das flores não é nenhuma estação de comboios- disseram - é uma estação do ano. Chama-se Primavera e diz-se que é das flores, porque toda a Natureza se cobre de flores nessa altura.
Começa normalmente no dia 21 de Março e termina no dia 21 de Junho.
A Rita ficou muito calada. Afinal já não poderia visitar a estação que na sua imaginação fértil de criança, tinha visto. Mas, por outro lado, aprendeu mais uma coisa. O Ano tem uma estação de flores, a que chamam Primavera.
No dia a seguir, já todos sentados à mesa para almoçar, a Rita surpreendeu os pais com a pergunta. Estes olharam-na entre o incrédulo e o divertido, com aquele ar que só os pais sabem fazer.
Mas... a estação das flores não é nenhuma estação de comboios- disseram - é uma estação do ano. Chama-se Primavera e diz-se que é das flores, porque toda a Natureza se cobre de flores nessa altura.
Começa normalmente no dia 21 de Março e termina no dia 21 de Junho.
A Rita ficou muito calada. Afinal já não poderia visitar a estação que na sua imaginação fértil de criança, tinha visto. Mas, por outro lado, aprendeu mais uma coisa. O Ano tem uma estação de flores, a que chamam Primavera.
29/04/14
14/04/14
Sementes de Abril
Quando
nasceste
Trazias
em ti a semente da liberdade
Liberdade
de dizer
Liberdade
de fazer
Liberdade
de descobrir
Caminhos
há muito fechados.
O solo estava fértil, sequioso, ávido
O solo estava fértil, sequioso, ávido
Para
te acolher
E
tu germinaste
Abriste-te
em flor
E
foste
Música
há muito calada
E
foste obra
Há
muito censurada
E
foste criança
Estendendo
braços
Há
muito dobrados
E
foste rio, mar
De
gente
Que
em praças, largos
Ruas,
avenidas
se
manifestava
e
foste pão, paz, escolas, estradas
abertas,
escancaradas à evolução.
E
foste tanto,
E
deste tanto
E
fizeste tanto
Homem
Grande
E
inimigos também
Estes,
de morte,
Que
por todos os meios
Te
procuram calar
Silenciar
Abafar
Atrofiar
Aniquilar
Atolar
Sufocar
Pouco,
a pouco
Lentamente
Para
que te não possas defender
E
agora,
Jovem
adulto
Te
vemos aos poucos morrer
Sem
que àqueles que te deram vida
Seja
possível falar
Na
casa a que chamam da democracia,
Que
ajudaste a criar.
que as sementes que geraste
que as sementes que geraste
Voltem
a germinar
E
corram para bem longe
Com
aqueles que te querem
De
vez, matar!
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