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Meus filhos têm de aprender a voar – dizia a mãe extremosa a seus
filhos de tenra idade. Temos muito que andar assim que o Outono
chegar,
neste país que nos abriga. A caminhada é longa e só o treino e a
força nas asas nos salvam da exaustão.
Não
sei o que se passa este ano, continuava a mãe andorinha, escutada
com toda a atenção pelo seu companheiro de vida e respetivos
filhotes. O sol não quer acordar, o frio e vento não nos querem
deixar, a chuva parece andar muito saudosa e por isso não nos larga.
Estou muito preocupada se isto continua. Já estamos no mês a que os
humanos chamam Julho e Verão, porque os ouvi conversar. Até duvidei
por momentos se não me teria enganado no calendário. Sei que já
devíamos andar a treinar voos, pois Setembro chega que é um
instante. Por isso, toca a aproveitar o pouco tempo de sol e sequinho
para fazer exercícios acrobáticos.
Temos muito caminho pela frente até que cheguemos de novo ao país
que nos acolhe quando aqui é Inverno. Somos pássaros anunciadores
de bom tempo, não de invernias. Hoje vocês não o sabem, mas vão
aprender conforme forem crescendo.
Os
pequenotes abeiraram-se no ninho, espreitaram, mediram a altura,
sacudiram as asas e esvoaçaram, sempre seguidos pelo olhar atento
dos pais. Um a um saltou sentindo que o céu se abria fugindo-lhe o
pé, as asas e o fôlego, mas de repente, que maravilha, as asas em
conjunto com as suas frágeis patinhas mantinham-nos no ar em voo. Os
pais incitavam-nos dando-lhes instruções e formas de voar daquele
modo que só as andorinhas sabem.
Podia ouvir-se aquele piar que mais parece guincho alegre enchendo o
ar e lá iam treinando golpes de asa.
Não
sei se as andorinhas sabem as estações e consequentes meses do ano,
mas sei que elas voltam a cada Primavera, a este país a que chamam
Portugal.
É
uma alegria vê-las chegar pois anunciam que a invernia fria e
chuvosa terminou e a Natureza se prepara para rebentar em flores,
folhas e verdes de tonalidade diferentes que despontam por todo o
lado e abre a porta ao Verão, tempo quente e dias grandes, onde o
sol e calor se
fazem
presença diária animando crianças e adultos e convidando aos
prazeres da praia ou do campo, com os piqueniques à beira dos rios,
onde bandos de crianças,
chapinhando na água preenchem
o espaço aéreo de chilreios como se fossem
pássaros.
Todos os anos esta espécie de ritual se repete e todos os Julhos são Verões, menos neste.
Todos os anos esta espécie de ritual se repete e todos os Julhos são Verões, menos neste.
Texto escrito para a tertúlia Et Quoi, cujo tema era Julho.
7 comentários:
`Querida ne* sempre bom voar ao sabor das tuas palavras
Gostei muito de te ler aqui.
Deves saber que andorinhas sao dos meus pássaros preferidos...elas e as cegonhas :)
Que hajam sempre andorinhas em Portugal e no mundo anunciar dias serenos
brisas doces minha amiga ***
São as andorinhas que inventam a primavera…
Lindo e sábio o teu texto…
Uma boa semana.
Um beijo.
Fresco como uma brisa ou um golpe de asa, o modo como 'andorinhizas' o encadeamento do dizer sobre as andorinhas. Gostei, Teresa!
Como costumo dizer, ao invés do fado, a andorinha pode não fazer a Primavera, mas faz um ninho perfeito...
Abraço!
jorge
www.tintapermanente.pt
'támos em Outubro, os árabes já se forem e as andorinhas 'tão q'ase a ir támem!...
Abraço.
jorge
wwww.tintapermanente.pt
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