Há muito
que Luís tentava dizer à moçoila o
sentimento que por ela nutria.
Começara
há muitos anos, ainda no banco da escola primária, onde era sua parceira de
carteira.
Aspirava
aquele cheirinho e levava com o cacho de cabelos loiros, que fazia lembrar uma
cascata de água cristalina brincando entre as pedras, cada vez que ela virava a
cabeça olhando-o com aquele par de olhos escuros e brilhantes como a noite de
luar. À noite sonhava com ela. Primeiro, sonhos infantis, serenos e puros, mas
à medida que os anos iam passando, a natureza falava mais alto e os sonhos
também.
Nunca
mais o seu cheiro, a cascata e aquele par de olhos desapareceram da sua
memória, bem pelo contrário. Quanto mais os anos passavam mais se impunham.
Ela
parecia um pouco alheia a este sentimento, no entanto, certo dia tomou coragem
e tentou deitar o barro à parede, a ver se colava.Não colou.
Então pegou no barro e tornou-se um oleiro famoso...
Texto escrito para mais uma tertúlia do Et Quoi, cujo tema era barro.
Foto minha, da minha primeira peça em barro.
6 comentários:
Oi!
Muito bom. Beijos.
Estória com sonhos de amor 💏 que as mãos da oleira esculpe no barro à sua maneira.
Gostei.
que história de desamor mais bonita :)
Fez o Luis muito bem...nada melhor para esquecer um amor, do que outro amor.
Abraço minha ne *
brisas doces ***
E o amor cedeu a sua energia para trabalhos artísticos. Rico e sábio aproveitamento.
Tão bela a história!
Um beijo.
frágil o barro de que somos feitos...
excelente.
beijo
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