16/08/07


Deixa sempre livre o que amas, dissera-lhe a mãe já lá iam uns bons anos, mas tão bem recordava ainda aquelas palavras.
Passava junto de uns simples mas belos malmequeres brancos e amarelos, sobre os quais esvoaçavam borboletas de cores variadas o que a transportara muitos anos antes, quando ainda era criança e brincava no jardim, sob o olhar atento da sua mãe.
Adorava aquele jardim, que para além de ter baloiços, escorregas e outras coisas das quais não sabia o nome, mas onde se divertia muito, tinha imensas flores, de cores muito vivas e variadas, onde esvoaçantes borboletas gostavam de pousar.
Numa dessas manhãs quentes de verão, saltitava ela entretida com as flores, quando uma diferente de todas as outras lhe despertou a atenção. Aproximando-se cheia de curiosidade, viu surpresa, que se tratava de uma bela borboleta. Como ficara fascinada...como a desejou ter para ela... e passando do desejo ao acto, aproximou-se ainda mais e muito lentamente de mão estendida conseguiu agarrá-la correndo célere para a mãe mostrando o seu achado.
A mãe, olhando a menina com os olhos brilhantes e toda agitada pelo achado, com aquela voz tranquila e doce, que lhe fazia sempre lembrar o aconchego da mantinha no inverno frio, disse-lhe:
─ Minha filha, repara nesse pozinho que se está a agarrar aos teus dedos. É o polen das asinhas da borboleta. Ela é um ser tão belo quanto frágil e enquanto a seguras tiras-lhe o que lhe faz falta para voar de novo. Liberta-a filha, deixa sempre livre o que amas.
Assim fizera e, a borboleta depois de um bocadinho na sua mão, agora liberta, voara.
Sim, hoje entendia perfeitamente aquela lição de sua mãe, pensou enquanto nos seus lábios se desenhava um sorriso trazendo-a de novo à realidade .
foto de Google

26 comentários:

mitro disse...

Libertei-a...e fiquei vazio!

Nilson Barcelli disse...

Sempre gostei de borboletas, mas nunca apanhei nenhuma...
Também gostei do teu texto. Bem contada e com a chamada moral da história.
Bom resto de semana,
Beijinhos.

nqdn disse...

Para «mitro»

Preocupa-me que precises de ter alguem (ou alguma coisa) preso para te sentires cheio!
O grande problema do mundo é que há muita gente assim.

Luís

nqdn disse...

Mais importante do que ter o entendimento, tu tens a sensibilidade da verdade!

Um beijo!
Luís

joão marinheiro disse...

O verdadeiro amor é assim. Livre com asas para voar e ser pleno. Nós é que somos egoístas e queremos sempre o amor-perfeito e sem asas para voar, preso, imperfeito portanto...

A foto é sublime minha querida amiga

Abraço daqui junto ao mar das memórias.

João Vasco disse...

O amor verdadeiro e puro é aquele em que és livre e deixas ser livre.
Bjinhos

Anónimo disse...

Essa lição me cala fundo! Amar de verdade é deixar livre o objeto do amor...e fazê-lo florescer e dar frutos. Amor que sufoca, é doentio e tem um final sempre triste...(e não é Amor, na verdade...).
Belo texto.
Beijo meu!
Dora

Jorge P. Guedes disse...

Esperando não vir espalhar o "vírus", apenas digo que o conto é muito bonito.

Cumps.

Marshall disse...

Vou praticamente repetir o que o Nilson escreveu, mas é verdade, sempre goste de borboletas, mas nunca capturei nenhuma.
Gostei muito do texta e a foto é linda!!!
bjs

Lily disse...

Muito bacana seu texto..."deixa sempre livre o que amas"!
Isso realmente é fundamental nessa vida, pena os nossos apegos.

António disse...

...e que viva a liberdade!

Beijinhos

Anónimo disse...

Um texto rico em todos os sentidos, minha querida amiga!
Toca-me sempre a emoção tuas palavras. Obrigado.
Um beijo afetuoso.

Anónimo disse...

Cara Teresa,
Um texto de um lirismo simples que nos atrai, além de vir expresso numa também atraente e agradável escrita. É uma pena que não exercites com frequência a prosa, pois já destes prova de a manejas tão bem quanto a poesia. E nela, como nesse texto, há, como já disse, poesia. Um beijo e uma excelente semana.

CNS disse...

Queremos sempre ter o que apenas o que os olhos podem agarrar. Tão terno este teu texto!
bjs

Cöllybry disse...

Sentir a liberdade é sentir confiança...
Mas o ter alguem, nos preenche...

Doce beijo

Nilson Barcelli disse...

Férias...?
Bem merecidas.
Beijinhos.

Anónimo disse...

Vazio nunca seremos enquanto amor houver.
Liberdade é amor...
Mesmo que vez ou outra a vontade seja forte (=

Lindas palavras dona moça.

:*

RC disse...

Amar é deixar ir...

Anónimo disse...

Adorei.....parabéns!!!

Alexandre Lucio Fernandes disse...

E a sensibilidade da existência nos inebria. borboletas são reflexos de beleza de pureza.
Lindo texto
^^

Beijos

Apenas um homem disse...

Descobri que não existe felicidade extrema na vida de um ser humano se ele não tiver um grande amor.

Já fui "Apenas Palavras" depois "A Minha Louca Paixão" e agora "O Fôlego de um Homem" no entanto os meus amigos, aqueles que se distinguem pela qualidade daquilo que escrevem nunca me serão indiferentes nem deixarei de os ler, pois a tua escrita dá-nos coisas lindas e maravilhosas, gosto dos teus textos e a forma como escreves, dentro do pouco tempo que tenho é um dos cantinhos que eu gosto de visitar.

Boa semana,
Beijo

Archeogamer disse...

O problema é que muitas vezes da-mos liberdade a quem ama-mos e depois essa mesma pessoa nos prende :)

Jinhos

Cláudia disse...

Só a liberdade consegue manter abertas as portas do amor.As borboletas simbolizam a transformação que ocorre para os corações que se abrem.Muito lindo...

benechaves disse...

Oi, amiga: que bom é a liberdade, hein? A liberdade tando de pássaros, como de borboletas e tb a do ser humano. Que bom alçar vôo e ficar livre como tantos, não é mesmo?

Um beijo liberto...

Luiz Carlos Reis disse...

Adorei o conto! Envolvente e com uma imensa lição de vida. De sentido puro e privilegiado.
Grande abraço e obrigado pelo carinho e constância ao Oficina.

Bjs

Luiz Carlos

Biblioteca Rodrigues de Freitas disse...

Gostei imenso desta parábola sobre borboletas e pózinhos..Valeu o momento
Fica bem
Marisa