07/08/20

Cigarra

Ouço-as há anos. Mal o sol desponta, nos dias de Verão começando a aquecer o ar.
Primeiro uns sons mais baixos que vão aumentando até quase se tornarem ensurdecedores.
Não sei se alguma vez avistei alguma. Não, que me lembre. Sempre povoaram as minhas fantasias de criança. Um ser que tanto barulho fazia e que se não deixava ver. Como seria? Dela apenas sabia que vivia nos pinheiros e eucaliptos mais altos que ladeavam a casa de meus pais. Este barulho são as cigarras ( onde nasci chamam-lhes cega-rega) a abanar as asas para se refrescarem, dizia minha mãe. Hoje sei que afinal são apenas os machos que 'cantam' para atrair as fêmeas.
Ontem, pelo final da tarde, olhando distraída para o pé da mesa da cozinha descubro algo estranho pousado. Primeiro pensei tratar-se de uma vespa asiática, mas olhando melhor verifiquei que não.
Coloco, com mil cuidados, o pequeno animal num papel de cozinha e assim, mais perto dos olhos reconheço-o. Uma cigarra! (já tinha visto em foto por isso a reconheci).
Claro que logo corri para o meu 'sabonete' e registei o momento, antes de a levar cuidadosamente para o terraço, onde, mal sentiu o sol e o calor, voou alcançando o céu, escapando ao meu olhar.